Este website utiliza cookies
Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência, otimizar as funcionalidades do site e obter estatísticas de visita. Saiba mais
SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
(81) 3131.6350 - [email protected]
Publicado: 11/01/2017
Por Fernando Morais
Do Nocaute
Foi quase um ano de espera. Desde o começo de 2016 amigos europeus e latino-americanos tentavam me ajudar a conseguir uma entrevista jornalística com o cyber ativista australiano Julian Assange, exilado desde 2012 na elegante e modesta embaixada do Equador, em Londres.
Cheguei a ter um contato enviesado e impessoal com Assange, ao tentar armar um encontro dele com o ex-presidente Lula, que viajaria a Londres em abril de 2013. Lula topou, Assange topou, o pessoal diplomático equatoriano na Inglaterra também apoiou a iniciativa, mas circunstâncias que não vêm ao caso acabaram por frustrar a visita de Lula.
Quando comecei a montar o Nocaute, no ano passado, adotei uma ideia fixa: a principal matéria do número de estreia do blog seria uma entrevista com Julian Assange. Bati em portas de intermediários em vários países até que, em meados do ano, chegou a luz verde: ele ia me receber. E a notícia boa coincidia com os últimos “zeros” (ou “demos” ou “betas”), as versões experimentais do blog, só acessíveis ao público interno.
Aí começaram a adiar a entrevista. E nós tendo que procrastinar o lançamento do Nocaute. Pelo menos na minha cabeça já estava decidido: sem Assange não tinha estreia.
A notícia ruim chegou em setembro: o mega-hacker mantinha a palavra, ia me conceder a entrevista, mas não antes do dia 8 de novembro, data das eleições presidenciais norte-americanas. Demos um cavalo-de-pau na ideia original, convidamos o ex-presidente Lula e fizemos com ele a capa do número 1 de Nocaute, lançado na noite de 29 de setembro.
Abertas as urnas e eleito Donald Trump, voltei a cobrar a entrevista, que acabou sendo marcada para a tarde de 27 de dezembro. Uma gelada e úmida tarde londrina. De calça azul marinho e agasalho de lã abotoado até o pescoço, o varapau de um metro e noventa apareceu sorridente, com a barba e os cabelos longos, mais pálido do que sugerem suas fotos.
Julian Assange é um homem de fala suave e gestos contidos, que em nada lembra o carbonário pintado por alguns veículos. Falou durante três horas sobre Trump, Hillary, Michel Temer, manifestações contra Dilma, Petrobras e, claro, espionagem. A gravação foi interrompida algumas vezes para que ele pudesse tomar um pouco de água e ciscar pedaços de um croissant trazido num saquinho de papel por sua assistente.
Ao final, fez uma única exigência: que a entrevista não fosse divulgada antes de determinada data de janeiro.
Veja o primeiro bloco da entrevista AQUI
O segundo bloco AQUI
O terceiro bloco AQUI