Trabalhadores da Conab vão à praça do Derby denunciar desmonte do órgão

Os trabalhadores da Conab realizaram uma roda de diálogo na manhã de hoje (30/04), na Tenda dos Movimentos Sociais, no acampamento pela democracia e contra o golpe instalado na praça do Derby. A discussão girou em torno da proposta de reestruturação da Conab e contou com a presença de entidades e movimentos como o Sindsep-PE, CUT, MST e Levante Popular da Juventude. A ideia foi expor à sociedade os danos que essas mudanças podem causar, bem como pedir apoio desses agrupamentos.

O presidente da CUT-PE, Carlos Veras, ressaltou a importância da Conab para a agricultura familiar. “A Conab é um órgão regulador do abastecimento. Se o agronegócio sobe os preços, ele libera estoque armazenado evitando valores altos. No contrário, se o agronegócio baixa os preços de forma exorbitante, a Conab compra a produção da agricultura familiar a preço justo evitando prejuízos”, explicou o sindicalista.

De acordo com entrevistas concedidas a veículos de comunicação, a ideia da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, é vender armazéns. “Como pode um órgão de armazenamento sem armazéns? Vamos nos transformar numa agência de inteligência a serviço do agronegócio”, criticou o trabalhador da Conab, Valdir Ferreira.

A diretora do MST em Pernambuco, Marinez Torres, já garantiu apoio do movimento aos trabalhadores da Conab. Para ela, existem mais interesses por trás do desmonte da Conab: “Vamos fazer de tudo para que isso não aconteça. Não querem só atingir a Conab. Querem atingir os movimentos sociais”.

Além do armazenamento e da regulação, a Conab trabalha também na formulação de políticas agropecuárias e na execução de políticas públicas, que favorecem comunidades atingidas por adversidades climáticas e em estado de vulnerabilidade constante.

Os trabalhadores da Conab estão apreensivos também com possíveis demissões. Durante a roda de diálogo no Derby, o trabalhador do órgão, Robson Souza, leu uma carta aberta à população explicando tudo isso.  “Se a ideia é reduzir, é possível que se demita. Já sofremos bastante com o sucateamento promovido pelo governo Collor”, disse ele. “É como se estivéssemos vendo a história se repetir. É como se voltássemos aos anos 90”, alerta Sérgio Viana, diretor do Sindsep e trabalhador da Conab.

A Ministério da Agricultura já deu início ao projeto de reestruturação (desmonte) da Conab, antes mesmo de oficializá-lo ao governo e à sociedade. Já foram vendidos armazéns no Estado do Paraná.
Para evitar esses retrocessos, os trabalhadores da Conab juntos aos movimentos sociais e às entidades sindicais tiraram uma série de encaminhamentos de luta, confira abaixo.

ENCAMINHAMENTOS
Panfletar carta aberta para denunciar desmonte da Conab à sociedade
Divulgar matéria no jornal Brasil de Fato (publicação de esquerda)
Realizar assembleia nesta terça-feira, dia 3 de maio, na Conab, com a presença de outros sindicatos e movimentos sociais
Aderir ao Dia Nacional de Paralisação (10 de maio), chamado pela CUT de demais centrais sindicais
Solicitar audiência pública em casas legislativas do Estado
Enviar carta aberta dos trabalhadores da Conab aos parlamentares do Estado