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Soledad - A terra é fogo sob nossos pés abre temporada no Recife


O espetáculo estreia no dia 03 de setembro, às 20h, no teatro Hermilo Borba Filho, e segue temporada até o dia 20 do mesmo mês, de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 19h

Publicado: 28/08/2015

Ascom Sindsep

Depois de 42 anos da morte da militante de esquerda, Soledad Barrett Viedma, a história da sua vida e luta política será encenada nos palcos do teatro recifense, terra onde a guerrilheira paraguaia viveu os últimos dias de sua vida e foi assassinada. O espetáculo ‘Soledad - A terra é fogo sob nossos pés’ estreia no dia 03 de setembro, às 20h, no teatro Hermilo Borba Filho, e segue temporada até o dia 20 do mesmo mês, de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 19h. Ele conta a trajetória de vida de Soledad Barrett por meio de um monólogo poético, que também faz referências ao período atual da política brasileira.

Poemas, músicas, elementos sonoros e símbolos amenizam o peso da história. Os ingressos serão vendidos ao preço de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).   

A peça, do grupo Cria do Palco, será encenada pela atriz pernambucana e idealizadora do espetáculo, Hilda Torres, e terá direção da atriz e diretora paulista, Malú Bazan. As duas também são responsáveis pelo texto do monólogo. A produção executiva é de Karuna de Paula. A artista plástica Ñasaindy de Araújo Barrett, filha de Soledad, assina algumas músicas e a identidade visual do projeto.

O espetáculo estabelece um diálogo intenso com a música. Lucas Notaro assina a direção musical. Assim também é com a luz criada por Eron Villar, ator, diretor e iluminador. A coordenação de produção fica por conta de Márcio Santos jornalista e músico e a produção executiva é de Karuna de Paula, em uma realização da “Cria do Palco”.

“Falar sobre Soledad é traçar um caminho de poesia onde a dor e a alegria estão juntas, seguindo em marcha para erguer os ideais libertadores. Falar sobre ‘Sol’ é falar de um pedaço de todos nós que nos impulsiona diariamente a enfrentar, resistir, sem nunca abrir mão do brilho nos olhos ao imaginar um mundo melhor com direitos iguais para todos e todas na compreensão das nossas diferenças”, comentou Hilda Torres. 

A montagem sobre a vida de Soledad nasceu de uma pesquisa intensa que teve início depois que Hilda ganhou de um amigo o livro ‘Soledad no Recife’, de Urariano Mota, no ano de 2014. A partir de então teve início uma série de entrevistas e pesquisa documental sobre a vida da guerrilheira paraguaia. Entrevistas com ex-presos políticos, parentes de pessoas desaparecidas durante a ditadura brasileira, militantes que tiveram, ou não, contato com Soledad. Pesquisa em documentos da época e no relatório final da Comissão da Verdade.   

Malú Bázan, nascida na Argentina e integrante do grupo Tapa de teatro desde 2000, ingressou no projeto depois de vir morar em Recife para fazer um intercâmbio artístico-cultural atrás de trocas de experiências. “Assisti Hilda em uma peça encenada em sua própria casa. Incômodos, de Cícero Belmar. Ela me falou sobre o projeto Soledad. A partir desse encontro iniciamos uma trajetória em parceria para a criação dessa história”, destacou.

Um outro importante encontro foi com Ñasaindy Barrett. Depois de alguns contatos, a filha de Soledad, que reside em São Paulo, visitou o Recife e gravou poemas e músicas que integrarão a trilha sonora do espetáculo.

COLABORAÇÃO

O projeto Soledad Barrett Viedma no Teatro está sendo executado sem o apoio de fundos de cultura. Mas diante da força da história de Soledad e da importância que ela tem para os dias atuais, quando parte do Brasil clama pelo retorno a ditadura, os envolvidos no projeto decidiram lançar uma campanha de arrecadação. Por acreditar que um processo colaborativo fortalece iniciativas de produção e realização de trabalhos artísticos, os produtores estão pedindo o apoio da sociedade para levar a peça ao teatro.

Quem desejar conhecer mais detalhes sobre o projeto pode acessar a página do Facebook.  As doações estão sendo feitas pela Caixa Econômica Federal. Agência: 1030, conta: 22.837-9, operação: 013.

A MILITANTE

Soledad Barret foi militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Nascida no Paraguai, ela era de uma família culta e politizada. Era neta do renomado escritor, jornalista, intelectual e líder anarquista, nascido na Espanha, Rafael Barrett, que foi morar no Paraguai e deixou uma marca nas lutas sociais de uma época.

Por causa do ativismo político de sua família, que os obrigava ao exílio constante, Soledad também viveu na Argentina e Uruguai, além de Cuba e Brasil. Aos 17 anos, foi sequestrada, em Montevidéu, por um grupo de neonazistas que exigiram que ela dissesse a frase ‘viva Hitler’. Diante da negativa, marcaram suas coxas com suásticas nazistas. A partir daí, ela decidiu ingressar de vez na luta política.

Foi estudar na União Soviética, onde ficou por um ano, pelo Partido Comunista. Na despedida do Uruguai, Soledad, que era conhecida por levantar a bandeira entre as nações de que “A Pátria não é um só lugar", disse a um amigo: "La tierra es fuego bajo nuestros piés", frase do subtítulo da peça a ser encenada no Recife. Retornando a América Latina ela se estabeleceu por um período na Argentina e integrou um movimento que tinha como plano invadir o Paraguai. O plano não deu certo e logo Soledad seguiu para Cuba, onde treinou a luta armada.

Em Cuba, ela conheceu o brasileiro José Maria Ferreira de Araújo, militante da VPR exilado na ilha, que viria a ser o pai de Ñasaindy de Araújo Barrett. José Maria retornou ao Brasil e Soledad acabou por vir um ano mais tarde. Pouco depois de chegar, soube que ele tinha sido capturado e morto. Soledad encontrou em sua morte mais uma razão para continuar a luta contra as ditaduras que dominavam os países latino-americanos.

No Brasil, ela conhece o cabo Anselmo, que era amigo e companheiro de José Maria na VPR. Ao longo do tempo, as suas vidas se aproximando e ele acaba se tornando o novo companheiro de Soledad. Cabo Anselmo é apontado como um dos líderes do protesto dos marinheiros em 1964. Integrou o movimento de resistência à ditadura nos anos 1960 e, na década de 1970, atuou como colaborador do regime militar. Mas, na verdade, ele era um agente policial infiltrado.

Foi Anselmo quem entregou o esconderijo dos membros do VPR em Pernambuco, uma chácara no loteamento São Bento, no município de Paulista. Junto com outros companheiros, Eudaldo Gomes da Silva, Pauline Reichstul, Evaldo Luís Ferreira de Souza, Jarbas Pereira Marques e José Manoel da Silva, estava Soledad. Detalhe, em diversos depoimentos de conhecidos de Soledad afirma-se que ela estava grávida, esperando um filho do próprio cabo Anselmo. 

Segundo a versão oficial, os militantes foram mortos numa troca de tiros na chácara. O jornalista Elio Gaspari, em “A ditadura escancarada”, classifica o episódio como “uma das maiores e mais cruéis chacinas da ditadura”.

A ATRIZ

Hilda Torres é atriz, psicóloga, arte educadora e produtora cultural. Dirigiu e atuou no teatro em parceria com outros diretores e atores em peças como ‘(In)cômodos’ (texto de Cícero Belmar); ‘Autônomas’ (Livre adaptação do texto ‘A Mulher Independente’, de Simone de Beauvoir, e do texto ‘Da Paz’, de Marcelino Freire); e A Árvore de Jô.  Atuou como atriz na peça ‘Essa febre que não passa’ (texto de Luce Pereira).       

Aventurou-se na dramaturgia com a peça ‘Só Quando eu Crescer’, atuando também como diretora e atriz.  Também dirige e escreve os textos do grupo de teatro Baú, que tem realizado a apresentação de trabalhos voltados para o público infantil e adulto nas praças dos municípios do Sertão pernambucano e em comunidades do Rio de Janeiro. 

Em cinema atuo em ‘A Felicidade não é deste Mundo’, de Sephora Silva, ‘Ursos Camaradas’ de Fernando Spencer, entre outros. Na TV, fez ‘A Pedra do Reino’, de Ariano Suassuna.

Vem há um ano pesquisando e trabalhando histórias e/ou pensamentos sócio-político-culturais de mulheres que marcaram uma época (e marcam) com suas obras, suas vidas e que trazem temas/reflexões/críticas/constatações que provocam diretamente o diálogo no contexto de existir mulher em desafio ao contexto arcaico/histórico do machismo. Simone de Beauvoir foi o momento de partida para esse desafio que hoje se concentra na história de Soledad Barret.

A DIRETORA

Malu Bazán é atriz e diretora formada pelo TUCA/PUC de São Paulo em 1996. Integrante do Grupo TAPA desde 2000, onde atuou em diversos espetáculos entre eles: Amargo Siciliano, de Luigi Pirandello, direção de Sandra Corveloni; Major Bárbara, de Bernard Shaw e Camaradagem, de August Strindberg, ambos dirigidos por Eduardo Tolentino de Araujo.

Dirigiu em 2012 o espetáculo ‘A Noite das Tríbades’ que fez parte da Mostra Strindberg do SESC SP e que ficou em cartaz no SESC Bom Retiro, no Viga Espaço Cênico e no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura de São Paulo. O Espetáculo foi indicado ao Prêmio Arte Qualidade Brasil 2013 nas categorias Melhor Direção - Malú Bazán, Melhor Espetáculo Drama e Melhor Ator - Norival Rizzo.

Assistente de direção de vários espetáculos entre eles: ‘Dissecar uma Nevasca’, direção de Bim de Verdier (produção sueco-brasileira); ‘Strindbergman’, direção de Marie Dupleix na temporada em São Paulo dentro da programação do Ano da França no Brasil; ‘Tempo de Comédia’ e ‘Maria que Não Vai com as Outras’, ambas direções de Eliana Fonseca; ‘O Tambor e o Anjo’, direção de Paulo Marcos e André Garolli.

Na área de arte educação, fez parte da banca selecionadora da SP Escola de Teatro em 2012 e 2013 do curso de atuação, foi Artista-Orientadora do Programa Vocacional da Secretaria Municipal de Cultura em 2008, 2009 e 2010, arte educadora do Projeto EMIA nos CEUS em 2004 e 2005 e Coordenadora e professora do ‘Projeto Teatro em Alphaville’ no Centro de Estudos Cacilda Becker de 1999 a 2000.

Orientadora dos Grupos de Estudos do Grupo TAPA para atores desde 2009, onde desenvolve uma pesquisa corporal envolvendo artes plásticas, música e teatro.

Desde maio de 2014 residindo em Recife, é professora e diretora do Centro de Interpretação Teatral (CIT) do SESC Santo Amaro, onde acabou de dirigir a peça ‘Nossa Cidade’, de Thortnon Wilder.

* O intertítulo desse release é um trecho da música Soledad Barret, do cantor, compositor e instrumentista uruguaio Daniel Viglietti, um dos maiores exponentes do canto popular do seu País.   

Serviço:

Soledad - A terra é fogo sob nossos pés

Estreia: 03 de setembro

Hora: 20h

Local: Hermilo Borba Filho

Temporada: Nas quintas, sextas e sábados de setembro, às 20h, e aos domingos, às 19h.

Ingressos: R$ 30 (inteira) – R$ 15 (meia)

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