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Sindsep-PE repudia a ordem judicial de despejo do Centro de Formação Paulo Freire


O pedido de reintegração feito pelo INCRA, com forte motivação ideológica para tentar impor ao MST uma derrota no Estado de Pernambuco, foi aceito pelo juíz federal da 24ª Vara Federal de Caruaru, Tiago Antunes de Aguiar

Publicado: 06/09/2019
Escrito por: Ascom Sindsep-PE

O Sindsep-PE vem a público repudiar veementemente a iniciativa desumana e arbitrária, sem fundamentação e nenhum princípio lógico, de tentativa de reintegração de posse do Centro de Formação Paulo Freire, coordenado pelo MST e localizado no Assentamento Normandia, na cidade de Caruaru. O pedido de reintegração feito pelo INCRA, com forte motivação ideológica e violenta contra o MST, foi aceito pelo juíz federal da 24ª Vara Federal de Caruaru, Tiago Antunes de Aguiar.

O juiz determinou que “Caso não haja a desocupação espontânea do executado no prazo concedido, expeça-se mandado de reintegração na posse, ficando desde já autorizado: a) o uso de força policial, b) o arrombamento, se necessário, c) condução coercitiva do executado para a Polícia Federal, em caso de resistência, d) a remoção dos bens móveis que estejam no imóvel e) remoção dos animais para o “Curral de Gado” do Município de Caruaru, ficando desde já autorizada a doação ou o abate desses semoventes.”

Corroborando com o pedido, o juiz expede um documento que pode provocar uma forte reação por parte dos assentados na fazenda Normandia e derramamento de sangue naquela região, em uma atitude desatinada que não preza pela segurança de vidas humanas. O presidente do INCRA é o general de Exército João Carlos Jesus Corrêa, anunciado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) em seu twitter. Já o novo superintendente do Instituto em Pernambuco, Marcos Campos de Albuquerque, é coronel da reserva da Polícia Militar do Estado. Ele foi indicado pelo presidente do PSL, Luciano Bivar.

FORMAÇÃO 
O Centro de Formação Paulo Freire pertence ao Assentamento Normandia, criado em 1998. Na época, uma equipe técnica do INCRA orientou que a casa-sede fosse utilizada de forma coletiva para a capacitação e formação dos assentados de Pernambuco e assim foi feito.

Em comum acordo com o INCRA, a casa-sede e mais 14 hectares foram cedidos pela cooperativa dos assentados para o Centro. Em 1999, foi criado oficialmente o Centro de Formação Paulo Freire e construído um auditório para 700 a 800 pessoas e, em seguida, um alojamento para 240 pessoas.

O local conta também com várias salas de aulas, tele-centro e Casa da Juventude. Em parceria com o governo de Pernambuco, foi criada uma Academia das Cidades, hoje, chamada Academia do Campo, a Quadra Esportiva e, mais recentemente, a Ciranda Infantil (creche). E em parceria com a Federação Unificada dos Petroleiros (FUP) foram construídos e ampliados o refeitório e a cozinha.

Ao longo dos últimos 20 anos, o Centro de Formação deixou de ser um espaço do estado de Pernambuco e se tornou um local de formação do Nordeste e do Brasil. Desde a sua fundação, vários cursos e parcerias foram criados com diversas universidades (UFPE, UPE, IFPE, FIOCRUZ, UFRPE, UAG e IPA). Mais recentemente, foi fechada uma parceria para a realização do curso de geografia da UPE. Além disso, o local tem sido objeto de estudo para o doutorado em agroecologia. Existe ainda uma parceria com a Prefeitura de Caruaru, onde funcionam duas turmas de ensino fundamental, e uma  parceria com o governo estadual para a realização do curso “Pé no chão”, já na 37ª turma. O Centro já formou milhares de pessoas para atuar na zona rural e se tornou uma instituição fundamental para a propagação do ensino em Pernambuco.

PRODUÇÃO 
Na área reivindicada pelo INCRA foram construídas agroindústrias para beneficiamento da produção de alimentos dos assentados de Normandia e de outros assentamentos do Estado. Caso a ação de despejo seja concretizada, ela irá atingir centenas de famílias produtoras de alimentos saudáveis sem veneno, além das famílias consumidoras e dos alunos das escolas no Agreste e região metropolitana do Recife, que consomem merendas produzidas com os alimentos do assentamento.

O Sindsep repudia a decisão  judicial e está ao lado do MST para defender o Centro de Formação Paulo Freire dessa perseguição ideológica e carregada de ódio de classe.
 

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