Sindsep participa de audiência sobre acidentes do trabalho

O Brasil registrou mais de 612 mil notificações de acidentes de trabalho no ano de 2022. O número de óbitos provocados por esses acidentes chegou a 2,5 mil. Segundo os dados oficiais, os motociclistas são as maiores vítimas de acidentes de trabalho. Mas todos os trabalhadores brasileiros estão sujeitos a algum tipo de acidente e os servidores públicos federais não ficam de fora. Foi por isso que o Sindsep-PE marcou presença na audiência pública sobre o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes do Trabalho, realizada nesta sexta-feira (28), na Câmara Municipal do Recife.  

Em 28 de abril de 1969, a explosão de uma mina nos Estados Unidos matou 78 trabalhadores. A tragédia marcou a data como o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes do Trabalho. 

O secretário-geral do Sindsep-PE, José Felipe, esteve presente na audiência da Câmara do Recife, convocada pelo vereador Luiz Eustáquio, e lembrou de alguns problemas que acometem os servidores. Entre eles, Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT), problemas nas cordas vocais, doenças degenerativas da coluna, ombro, braços e punhos, transtornos psicológicos como ansiedade, depressão e Burnout e até câncer. 

“São problemas causados pela falta de investimento em Equipamento de Proteção Individual (EPI) e até em equipamentos comuns de trabalho, como cadeiras ergonômicas. Outros causados por assédio moral e sexual e por longas cargas de trabalho, como acontece na área da saúde. São questões que o movimento sindical vem trabalhando já há vários anos. Importante que os servidores fiquem atentos para suas condições de trabalho e nos procure caso haja algum problema”, destacou. 

O deputado federal, Carlos Veras, lembrou que, nos últimos anos, principalmente durante o governo Bolsonaro, houve um processo de criminalização do servidor e do serviço público no Brasil. “Chegaram a acabar com o Ministério do Trabalho para impedir a fiscalização dos locais e condições de trabalho", sublinhou. Importante lembrar que o governo anterior queria promover o desmonte do serviço público por meio da PEC-32, o que iria precarizar ainda mais o trabalho no setor.   

Em todo o mundo, anualmente, cerca de dois milhões de trabalhadores perdem suas vidas no trabalho. Além disso, cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho acontecem todos os anos e as doenças relacionadas ao trabalho afetam cerca de 160 milhões de pessoas. Isso representa um custo equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) de todos os países do planeta. São 5 mil mortes por dia, aproximadamente o dobro das baixas ocasionadas pelas guerras e mais do que as perdas provocadas pela Aids. Doze mil das vítimas são crianças.

Para o procurador do trabalho, Fábio André de Farias, no mundo capitalista, onde a força de trabalho é uma mercadoria, o acidente de trabalho não é apenas uma responsabilização individual do trabalhador ou empregador, mas de todo o sistema econômico. “Aqui no Brasil é ainda mais grave. Vivemos em um capitalismo periférico, onde existe uma superexploração da força de trabalho. Pagam ao trabalhador muito menos do que é necessário e ele tem que fazer hora extra e bicos. O cansaço é um dos maiores causadores de acidentes no ambiente de trabalho", comentou. E a reforma Trabalhista, do governo Temer, retirou direitos, implantou a terceirização e a pejotização, contribuindo para uma precarização ainda maior do trabalho e para o aumento do número de acidentes. 

Segundo o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (Sinait), Carlos Silva, o governo Bolsonaro fez várias alterações para desregulamentar as relações do trabalho com o objetivo de atender as pautas patronais. “Foi um verdadeiro cenário de guerra contra os trabalhadores deste país, que se tornou um palco perfeito para o aumento do número de acidentes de trabalho”, concluiu.