Sem anistia aos criminosos é a ordem imperiosa do momento

A política do ódio, da violência e dos instintos agressivos foi cuidadosamente canalizada e canonizada nos últimos anos, transformando uma parcela da população brasileira em criminosos fascistas. Emoções negativas como o desprezo, a raiva, o ressentimento e o medo foram elementos centrais na emergência deste ódio, que passou a ser dirigido por indivíduos antidemocráticos contra qualquer um que não compactuasse da sua visão de vida. Visão que tem como grande exemplo a ser seguido o ex-presidente, Jair Bolsonaro.  

Durante as últimas eleições presidenciais, ficamos sabendo de crimes – agressões e assassinatos - cometidos de forma isolada contra eleitores do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro perdeu as eleições, mas o bolsonarismo continuou vivo e um clima de apreensão passou a tomar conta do Brasil, com movimentos de bloqueio de estradas e agrupamentos golpistas em frente a quartéis de diversas cidades brasileiras. Todos financiados por ricos empresários descontentes com o resultado das eleições.

No último dia 12 de dezembro, o ódio foi compartilhado coletivamente por terroristas que, literalmente, incendiaram Brasília. Nada foi feito. O acampamento golpista continuou fazendo parte do cenário da Capital Federal. Em 24 de dezembro, um terrorista tentou explodir uma bomba perto do Aeroporto de Brasília. 

Nesse domingo, dia 08 de janeiro, a estupidez atingiu o seu cume. Com a conivência do ex-presidente, que fugiu para os Estados Unidos da América (EUA) com receio de ser preso, e das forças de segurança, os bolsonaristas se sentiram à vontade para convocar abertamente um "golpe" contra a democracia. Diversos ônibus foram fretados e se dirigiram para a capital do país, levando centenas de pessoas. Grande parte paga para participar da invasão das sedes do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). 

Apesar dos inúmeros sinais de que atos violentos iriam acontecer, o governador de Brasília, Ibaneis Rocha – já devidamente afastado do seu cargo - não tomou nenhuma atitude para que as forças de segurança da capital federal contivessem os atos terroristas. Resultado: depois de invadir a sede dos três poderes, os criminosos depredaram diversos objetos - muitos deles históricos - que se encontravam nesses locais. O brasão da república do plenário do STF, cadeiras dos ministros, quadros de pintores famosos, móveis, vitrais, vidraças, eletrônicos, galeria de fotos dos presidentes estão entre os objetos danificados e pilhados. 

Para além da defesa do funcionalismo público federal, o Sindicato dos Servidores Federais de Pernambuco (Sindsep-PE) sempre se posicionou e lutou para salvaguardar a democracia brasileira. Diante do maior ataque à democracia e ao Estado de Direito desde a criação da Constituição de 1988, o Sindsep decidiu tornar pública, por meio desta nota, a sua indignação e repulsa aos atos terroristas praticados pelos bolsonaristas radicais no último domingo. 

Enquanto o amor e a verdade alimentam o bem, o desamor, a violência e o abandono geram o ressentimento e o medo que nutrem o mal. A propagação de mentiras, o individualismo extremado, o menosprezo pelos diferentes, a crença imperiosa em chefes para mandar e proteger se somam aos sentimentos inferiores e fomentam o ódio que explodiu, no último domingo, em atos irracionais. Não podemos compactuar com um Brasil do rancor. Centenas de pessoas já estão sendo presas e fichadas. Mas precisamos fazer mais. 

Todos os comandantes responsáveis pela inação da PM de Brasília e os oficiais militares que prevaricaram devem ser imediatamente substituídos e investigados.

ATOS PELA DEMOCRACIA

Nesta segunda-feira (9), serão realizados atos em todo o país em defesa da democracia. E, mais uma vez, nós nos faremos presentes. O ato do Recife acontecerá na praça do Derby, com concentração a partir das 16h. É de suma importância que todas as pessoas que defendem a democracia brasileira estejam presentes. Precisamos mandar um recado para Jair Bolsonaro e seus aliados. Não iremos permitir que este país seja dominado, mais uma vez, pela obscuridade de um passado sombrio. Por isso, qualquer crime cometido deve ser punido. Sem anistia aos criminosos é a ordem imperiosa deste momento histórico em que vivemos.