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Racismo ambiental: ministros saem em defesa de Anielle Franco, que usou o termo para se referir às chuvas no Rio


“Como alguém já disse certa vez, ‘a ignorância nunca ajudou a ninguém’. Ou seja: ignorar uma ideia ou um conceito não faz do ignorante alguém especial”, escreveu o ministro Silvio Almeida

Publicado: 16/01/2024
Escrito por: Rede Brasil Atual

São Paulo – O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, saiu nesta terça-feira (16) em defesa da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, pelo uso do termo “racismo ambiental” para se referir ao problema das vítimas das chuvas no Rio de Janeiro, que fizeram 12 pessoas mortas e cerca de 600 desabrigadas até agora. Anielle usou o termo há dois dias para evidenciar a falta de políticas públicas de saneamento e escoamento de águas pluviais que atingem as áreas ocupadas por maioria negra.

A afirmação da ministra, no entanto, causa polêmica nesta terça, depois que um colunista do jornal Folha de S.Paulo, Joel Pinheiro da Fonseca, economista e mestre em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), discordou da ministra, dizendo que a causa das enchentes no Rio não é o racismo ambiental, mas a “boa e velha pobreza, que afeta brancos, pretos, indígenas e quem mais vier”.

“Segundo dados que a própria ministra citou, 69% dos moradores de favelas no Rio se declaram pretos ou pardos. Se a enchente é fruto do racismo, será que aqueles 31% de brancos não foram igualmente atingidos? Se foram —e é óbvio que foram— então a causa não é o racismo, e sim a boa e velha pobreza, que afeta brancos, negros, pretos, indígenas e quem mais vier”, escreveu o colunista.

Políticas públicas

Em sua conta no X (antigo Twitter), o ministro dos Direitos Humanos escreveu que “como todo conceito, racismo ambiental não explica o todo, mas dá luz a importantes fatores que devem, sim, ser considerados na confecção de políticas públicas”. E acrescentou: “O fato de alguém desconhecer um conceito ou mesmo discordar de forma fundamentada – o que é totalmente legítimo, especialmente no campo da ciência – não apaga o fato de que o conceito existe”.

Ele ainda destacou que uma simples olhada nas ferramentas de busca mais populares da internet leva a inúmeros artigos sobre o tema. “Como alguém já disse certa vez, ‘a ignorância nunca ajudou a ninguém’. Ou seja: ignorar uma ideia ou um conceito não faz do ignorante alguém especial.”

Apoio de ministros

O artigo da Folha deu vazão a vozes nas redes sociais que ontem (15) já vinham discordando da afirmação de Anielle Franco. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também fez a defesa do discurso. Marina disse que “o racismo ambiental é uma das realidades que precisam ser enfrentadas” e que a ministra Anielle “está correta em chamar atenção para mais uma tragédia que atinge o Rio de Janeiro”.

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Já a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, também se posicionou. “Tem gente que sofre mais e primeiro com as mudanças climáticas. Que bairros mais alagam, ou que moradias são mais facilmente destruídas com chuvas? Os mais atingidos têm cor e classe. Negar isso serve apenas para a manutenção dessa realidade.”

Origem

Segundo o ministro Almeida, o conceito de racismo ambiental existe e é estudado há décadas. “Ele visa a explicar a forma com que as catástrofes ambientais e a mudança climática afetam de forma mais severa grupos sociais política e economicamente discriminados que, por esse motivo, são forçados a viver em condições de risco. Não significa dizer que apenas pessoas destes grupos são afetadas pelos eventos climáticos, mas que as pessoas que a estes grupos pertencem são MAIS afetadas, por razões sociais, por eventos ambientais”, afirma.

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