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Quinta (24) tem audiência pública da Comissão da Verdade na Fundaj


Serão apuradas denúncias de violação dos direitos humanos na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene)

Publicado: 21/09/2015
Escrito por: Ascom Sindsep-PE

Se você pensa que a perseguição política durante o Regime Militar se militou aos militantes políticos e simpatizantes do comunismo está enganado. Muitos servidores públicos federais no exercício da sua profissão foram reprimidos, mesmo sem fazer parte de partido, apenas por ter ideias progressistas. Quer saber mais desse capítulo de terror da história brasileira? Nesta quinta-feira, 24 de setembro, tem audiência da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara para apurar denúncias de violação dos direitos humanos na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). 

A audiência será na Sala Calouste Gulbenkian, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no bairro de Apipucos, no Recife. Serão ao todo sete depoentes, entre eles o cientista político e professor aposentado da UFPE, Délio Mendes. “A sudene era a casa das perseguições. Habitavam-na os perseguidos, os perseguidores, uma malta de puxa-sacos da ditadura e os outros, que viviam suas vidas fechados, suas bocas caladas, alguns com a alma sangrando”, dispara Mendes.

Para a servidora aposentada da Sudene, Zélia Farias, essa audiência da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara é importante, principalmente para a juventude brasileira, que não viveu o regime e não conhece toda a história. Ela explica que a Sudene foi criada para desenvolver a região Nordeste e por isso era um local favorável para o desenvolvimento dos ideais progressistas. No órgão tinham militantes, mas também pessoas que apenas pensavam diferente do regime, sem ligação nenhuma com partido, mas que mesmo assim foram perseguidos.

Zélia explica que antes do golpe militar, os servidores da Sudene viveram um momento de euforia com o primeiro governo de Miguel Arraes (1962-1964), que privilegiava o social. Funcionários chegaram a ajudar as Ligas Camponesas. Mas, depois do golpe, ficou insuportável. “Tudo era conspiração e vivíamos um clima bastante tenso”, conta a servidora aposentada.

Para se ter uma ideia das atrocidades cometidas pela ditadura militar, dentro da Sudene,  mais precisamente no 13º andar, foi instalado escritório da Central Nacional de Informações (CNI), dedicada exclusivamente aos servidores da Sudene.

Durante o regime muitos servidores da Sudene foram demitidos. Com a anistia muitos retornaram, outros foram indenizados.

Que são os sete depoentes da audiência do dia 24

Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira, nascido no Recife em 1933, é sociólogo, mais conhecido como Chico de Oliveira e um dos mais importantes cientistas sociais do Brasil. 

Clemente Rosas Ribeiro é paraibano, nascido em João Pessoa, em 1940. Graduado em Direito e pós-graduado em Economia atuou como técnico em Planejamento Econômico, assessor de Relações Internacionais e procurador geral na autarquia.

Adalberto Arruda é advogado e mestre em Economia pela UPE. Exerceu, durante oito anos (1962-1964 e 1985-1992), as funções de técnico em Planejamento e Orçamento; assessor da Superintendência e diretor adjunto do Departamento de Planejamento.

Ulrich Hoffmann é engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), nascido em Santos, no litoral paulista, em 1940. Preso para averiguação em 1º de junho de 64, sob acusação de práticas subversivas por assinar o “Manifesto de solidariedade ao governador Miguel Arraes”.  Foi técnico do Departamento de Indústria da SUDENE nos anos de 1962 a 1964. 

Délio Mendes é recifense e nasceu em 1940. Sociólogo, professor aposentado da UFRPE  Unicap e membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB). 

Antônio Othon Pires Rolim é economista, natural do Crato, no Ceará. Atuou na Sudene no cargo de Técnico em Desenvolvimento EconômicoTambém foi presidente da Associação dos Servidores da SUDENE.

Plínio Monteiro Soares é caruaruense e na Superintendência exerceu a função de Técnico em Desenvolvimento Social. Foi apontado por agentes da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco de “enquadrar-se dentro dos princípios da subversão dominante na Sudene”. 

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