“Pânico”: aliados de Bolsonaro agora temem que generais façam delação
A principal desconfiança entre os investigados é de que o suposto delator seria um militar, possivelmente um general
Publicado: 28/11/2024 Escrito por: Portal DCM
A suspeita de que um dos indiciados no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado estaria negociando um acordo de delação premiada tem causado apreensão entre bolsonaristas e militares, conforme relatado pela colunista Bela Megale, do Globo.
A principal desconfiança entre os investigados é de que o suposto delator seria um militar, possivelmente um general. Dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) no caso que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como figura central da trama golpista, 25 são militares, incluindo seis generais.
Entre os nomes que mais geram preocupação estão os dos generais Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência e apontado pela PF como um dos principais articuladores dos planos golpistas, e Estevam Teophilo, que chegou a oferecer suas tropas para apoiar o golpe e integrava o Alto Comando do Exército até 2023, já sob o governo Lula.
De acordo com integrantes da PF, o único delator que até agora fez acordo com a corporação foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Contudo, com a entrega do relatório final para a Procuradoria-Geral da República (PGR), há a possibilidade de novos acordos serem negociados diretamente com o órgão.
Os 37 indiciados enfrentam acusações graves, como tentativa de abolição do estado democrático de direito, tentativa de golpe de estado e organização criminosa. Esses crimes, sem considerar agravantes ou atenuantes, podem resultar em penas que somam quase 30 anos de prisão.
Segundo fontes, o impacto das penas, a pressão de familiares e o exemplo de Cid – considerado um dos mais fiéis aliados de Bolsonaro e cuja colaboração foi essencial para os indiciamentos – podem estimular outros investigados a buscar acordos de delação, conforme informações do G1.
No entanto, para conseguir um acordo, os potenciais delatores precisarão oferecer informações inéditas e relevantes que complementem o vasto material já coletado pela PF. Pela norma, delatores devem fornecer informações sobre líderes que ocupem posições superiores na hierarquia da organização criminosa.
O general Estevam Teophilo é apontado por fontes militares como o mais bolsonarista entre os generais do Alto Comando. Segundo a PF, ele tinha pleno conhecimento do esquema golpista e, além disso, nutria ambições de chegar ao posto de comandante do Exército.