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O tempo de Campos Neto está prestes a esgotar, por Luis Nassif


O período mais irresponsável da história do BC entra em contagem regressiva e mostra o risco de um conceito esdrúxulo de independência

Publicado: 05/04/2023

Da esquerda para a direita: Paulo Gueges, Bolsonaro e Campos Neto

Por Luis Nassif
Do GGN

Roberto Campos Neto está conseguindo um feito extraordinário, para um presidente do Banco Central. Sua gestão está descontentando gregos e troianos, desenvolvimentistas e mercado.

A Selic a 13,75% é fruto ou da suprema insegurança dele, ou da tentativa de inviabilizar o governo. Só que essa taxa está inviabilizando muito mais setores do que ele supunha.

Os grandes bancos já se tornaram críticos de sua política, embora mantendo a sobriedade de sempre. Selic nesse nível inviabiliza o mercado de crédito, porque encarece o custo de captação e aumenta a chance de inadimplência.

O mesmo acontece com o mercado de capitais, a enorme gama de fundos lastreado em recebíveis, ações setoriais e outros ativos. A Selic está praticamente inviabilizando o mercado de capitais.

Dias atrás, um técnico da Fazenda anunciou medidas para destravar o crédito não bancário, entre as quais o fim do teto de juros – que não poderia ultrapassar a Selic. O mercado herda a clientela que não é aceita pelos bancos, com um risco maior de inadimplência. Justamente por isso, as taxas cobradas serão exorbitantes, com pouquíssimos tomadores.

Nesse quadro, o mercado de crédito privado desmilinguiu-se, agravando a situação de muitos setores, como o varejo, alimentos e bebidas.

Por outro lado, com todas as críticas que merece, o novo arcabouço fiscal eliminou o último álibi de Campos Neto para não reduzir os juros.

As críticas do mercado tiram o único ponto de segurança de Campos Neto. Despreparado, inseguro, ele depende emocionalmente da aprovação do mercado para suas loucuras. E a escora vai ser tirada.

O que poderá fazer? Provavelmente o início antecipado de um processo lento de redução da Selic. Depois de todas as tolices que perpetrou, não haveria condições de uma redução rápida, sem desmoralizar a tal independência do banco.

Permanecem muitas dúvidas no ar.

A mais relevante é o valor a ser recuperado pela Receita com o combate às engenharias fiscais e ao exagero dos subsídios concedidos nos últimos anos. Junto com as mudanças no CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) poderá haver um processo mais acelerado de recuperação fiscal.

Aliás, fique atento aos ajustes que terão que ser feitos nos balanços da Ambev e da Coca Cola, duas empresas que mais praticaram o primeiro abuso a ser combatido: usando créditos de IPI do Amazonas para compensar tributos de outros estados.

Não será suficiente para salvar o ano. E ainda deixa dúvidas sobre a disponibilidade de recursos para investimento.

Mas, pelo menos, o período mais irresponsável da história do Banco Central entra em contagem regressiva. E mostra o risco de um conceito esdrúxulo de independência do Banco Central.

Para o país avançar um pouco mais, exige-se apenas um mínimo de senso crítico da mídia, e um mínimo de independência em relação a operadores do mercado. A irresponsabilidade de Campos Neto só foi possível devido ao aval acrítico recebido da mídia.

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