O que esperar do Judiciário brasileiro?

Condenação sem provas cabais, mas por convicção do Judiciário, assim foi o resultado do julgamento do ex-presidente Lula pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), nesse 24 de janeiro de 2018. Sentença em segunda instância que seguiu a mesma linha do resultado da primeira instância, do juiz Sérgio Moro. A diferença foi a majoração da pena, que passou de 9 anos e 6 meses para 12 anos. 

Surpresa? Não. O que esperar de um Judiciário que faz vista “grossa” para Romero Jucá (PMDB). O então ministro do Planejamento de Temer foi pego em escutas telefônicas (gravações feitas antes do golpe), falando que com a Dilma Não dava; o Teori Zavascki - relator da Lava Jato - morto posteriormente em um acidente de avião, não estava acessível; e que o jeito era colocar o Temer para estancar a sangria e promover um “pacto nacional”.

O que esperar de um Judiciário que ignora o fato do senador Aécio  Neves (PSDB) ter sido pelo em escutas telefônicas com o dono da JBS, Joesley Batista, solicitando propina e nitidamente dizendo que o portador “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer dela-ção”. Aécio também foi pego em grampo telefônico com o ministro do Supremo, Gilmar Mendes, pedindo ajuda em negociação sobre lei de abuso de autoridade. Aécio pede a ajuda do ministro do STF para convencer o senador Flexa Ribeiro (PSDB) a acompanhar o voto sobre a matéria. 

Nem Aécio nem Romero Jucá foram condenados e ainda permanecem no Senado. Esses foram só dois exemplos, de tantos outros, que reforçam a teoria do golpe. Um golpe midiático com apoio do Judiciário e lógico do parlamento. Esse último, talvez “fichinha” diante dos primeiros. 

O resultado do julgamento de Lula nesse inesquecível 24 de janeiro deixa evidente também que a ideia é frear a candidatura de Lula porque ele tem compromisso em revogar todas as medidas tomadas pelo atual governo golpista como a reforma trabalhista, a lei da terceirização e a Emenda 95. Ele tem também o compromisso com implantação e manutenção de políticas públicas, principalmente aquelas voltadas aos mais pobres. 

E queiram ou não queiram os juízes, Lula foi o presidente que mais fez universidades na história do país, que mais fez escolas técnicas, que mais assentou sem-terra, que mais aumentou salário mínimo, que criou piso salarial para professores (que os governadores sequer cumpriram) etc. Lula foi julgado e condenado junto ao povo brasileiro, dos quais a elite quer manter distância e resgatar a histórica subserviência, não restam dúvidas.