SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO

(81) 3131.6350 - [email protected]

Home | Notícias

“O objetivo dos economistas de Temer é o de desmontar o Estado e não de recuperar a economia”


O jornalista Luís Nassif concede entrevista exclusiva ao Sindsep-PE onde faz uma análise sobre o momento pelo qual o Brasil está passando, sobre o ano de 2017 e sobre caminho que a esquerda deve seguir

Publicado: 30/01/2017

Da Ascom Sindsep-PE

O jornalista Luís Nassif teve sua primeira experiência jornalística aos treze anos de idade, editando o jornal do Grupo Gente Nova, de Poços de Caldas (MG). Começou a trabalhar profissionalmente em 1970, como estagiário da revista Veja. Em 1974 tornou-se repórter de economia da revista. Passou pelo Jornal da tarde e, em seguida, ingressou na Folha de São Paulo, onde escreveu por muitos anos sobre economia e passou a ser membro do conselho editorial da Folha. Em 1986 ganhou o Prêmio Esso, categoria principal, com a série de reportagens sobre o Plano Cruzado. Foi vencedor do Prêmio de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita do site Comunique-se nos anos de 2003, 2005 e 2008. Em 2013, depois de identificar que a grande maioria dos grandes meios de comunicação brasileiros haviam se tornado panfletos de direita, lançou o jornal GGN, na internet, onde faz um jornalismo isento, verdadeiro e com muito respeito ao seu público leitor, atingindo cerca de quatro milhões de visitações por mês. Nessa entrevista concedida, com exclusividade, ao Garra, Luiz Nassif faz uma análise sobre o momento pelo qual o Brasil está passando, sobre o ano de 2017 e sobre o caminho que a esquerda deve seguir. 

O Brasil entrou em 2017 tendo como legado um golpe parlamentar ocorrido no ano anterior. O que esperar desse novo ano?

Uma recuperação lentíssima. O objetivo dos economistas de Temer é o de desmontar o Estado e não de recuperar a economia. É fundamentalmente ideológico. Os cortes nos gastos públicos, mais juros elevados e câmbio desfavorável fará com que a recuperação econômica, quando começar, se dê com a economia em um buraco.

A impressão que se tem é que não há direção política no país e que as instituições que deveriam manter a ordem estão fragilizadas e desacreditadas. As pessoas se sentem abandonadas e começam a se defender e fazer justiça com as próprias mãos para garantir a sobrevivência. Estamos dando início a um processo de barbárie?

Estamos. E a quebra dos princípios de Justiça faz com que procuradores e juízes de 1a instância também procurem fazer justiça com as próprias mãos, liquidando reputações e ordenando prisões indiscriminadas.

Exemplo da desordem institucional é a onda de violência que tomou conta dos presídios, locais onde o crime organizado dá as cartas e provoca carnificinas dentro do aparato estatal. Até onde vai isso e quem são os responsáveis?

De um lado, anos de descaso com o tema, começando com a gestão do ex-MInistro da Justiça José Eduardo Cardozo e passando pelo atual, Alexandre de Moraes. Depois, pelos erros da política anti-drogas, com o encarceramento maciço de pequenos contraventores, entupindo as prisões e fornecendo às quadrilhas mão de obra para ser cooptado dentro do próprio presídio. Finalmente, pelos pactos políticos entre poder público e organizações criminosas, visando a não agressão, mas permitindo, em contrapartida, o controle dos presídios por elas. Como é possível que todos os comandantes das principais organizações criminosas comandem de dentro dos próprios presídios?

A morte do ministro do STF e relator da Lava Jato, Teori Zavascki, acentua ainda mais a crise?

Atrapalha arreglos que estavam sendo negociados para blindar políticos aliados de Ministros do Supremo e do Procurador Geral da República.

Não é chegada a hora de deixar de lado as divergência políticas e acontecer um pacto pluripartidário de lideranças como Lula, FHC e outras lideranças para pensar uma solução e 'salvar' o Brasil?

O problema dos pactos são os interlocutores. O único político nacional com esse poder é Lula, representando o arco das esquerdas. FHC não é pessoa leal, no sentido de discutir de forma sincera qualquer forma de pacto. Faltam interlocutores no centro e na direita. E, na esquerda, o único nome é Lula.com

Até que ponto a mídia tradicional tem responsabilidade com esse quadro de “terra arrasada”?

Responsabilidade total. Durante dez anos martelaram diariamente contra a auto-estima nacional, mentiram, inventaram notícias, manipularam ênfases visando destruir qualquer sentido de brasilidade na opinião pública.

Nesse cenário, quais os desafios dos setores progressistas?

Parar de brigar entre si e entender que só se avançará na luta contra o arbítrio e contra o desmonte do país aproximando-se do centro e do centro-direita. A polarização política, o rancor, é o principal aliado da direita.

« Voltar


Receba Nosso Informativo

X