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O Brasil e a crise econômica


Como boa parte da economia brasileira está sustentada pelo mercado externo, a brutal queda do nível de atividade econômica em países da Europa, China, EUA e Japão reduziu a demanda por produtos nacionais

Publicado: 22/12/2015

Da Ascom Sindsep-PE

O Brasil, como todo o mundo capitalista, passa por uma crise econômica. O elevado nível de endividamento público americano, a dívida dos países da zona do Euro, a fragilidade das instituições financeiras em diversos países capitalistas e os claros sinais de desaceleração da economia mundial tem provocado uma retração em investimentos em todo o mundo. Como boa parte da economia brasileira está sustentada pelo mercado externo, a brutal queda do nível de atividade econômica em países da Europa, China, EUA e Japão reduziu a demanda por produtos nacionais.

“Esses locais são os principais demandantes de produtos dos países em desenvolvimento. Eles deixaram de comprar o que compravam e nós ficamos com um mercado menor para comercializar nossos produtos”, destacou o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio.

Desde 2008 os países desenvolvidos estão afundados na crise que vai de recessão em alguns casos a baixos patamares de crescimento em outros. As taxas médias de desemprego na Europa e nos Estados Unidos continuam alta. Aliado a isso, tem-se a diminuição do ritmo do crescimento da China, principal parceiro comercial brasileiro. Com a redução do volume de exportação, o saldo comercial nacional passou a ser negativo desde o final de 2013, comprometendo cadeias produtivas ligadas aos setores exportadores. Os baixos preços do petróleo também contribuem para este cenário, na medida em que afetam a economia de parceiros comerciais relevantes para o Brasil, como é o caso da Rússia e dos países árabes.

Diante da crise internacional, uma série de fatores simultâneos agravou ainda mais a crise econômica brasileira. A política cambial do governo, o ajuste fiscal feito fora de hora e o contexto político adverso, além da operação Lava Jato, foram apontados por Clemente Ganz Lúcio como os vilões da conjuntura econômica atual.  Mas como esses fatores afetaram o País?

A política monetária adotada pelo governo, com juros altos para evitar a inflação, também é um pé no freio da atividade econômica. Quanto ao Ajuste Fiscal, Clemente diz concordar com ele, mas acredita que antes de implementá-lo o governo deveria ter favorecido o aquecimento da economia. 

“O governo deveria ser agente indutor do crescimento econômico. A economia teria que crescer e, só depois, poderíamos fazer um ajuste. Ao invés disso, estão promovendo grandes cortes em investimentos e a situação só piora”, comentou.

Ele lembrou que no auge da crise nos EUA aquele país, ao invés de cortar, aumentou seus gastos. “Eles tiveram um aumento estratosférico de sua dívida, mas fizeram a economia crescer e agora estão pagando a dívida contraída naquele período e saindo da crise.”

Já a operação Lava Jato estaria estrangulando grandes empresas nacionais que realizavam as maiores obras públicas do país, impedindo o investimento público em aeroportos, estradas e outras obras de infraestrutura. “É claro que as pessoas que cometeram erros devem ser punidas, mas as empresas devem continuar atuando. No entanto, o espetáculo diário da mídia inviabiliza uma saída”, afirmou.

A crise política também é um fator negativo a aumentar o nível da crise econômica. Para solucionar a situação atual, Clemente afirma ser necessária uma articulação política que una todas as lideranças. “Precisamos de um grande pacto nacional para resolver essa conjuntura. Mas a oposição está cada vez mais acirrada no Congresso Nacional.”

O esgotamento do modelo de crescimento adotado desde o primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, devido à falta de adesão do capital privado à dinâmica de investimentos coordenada pelo Estado, é apontado pela economista e coordenadora do Dieese Pernambuco, Jackeline Natal, como agravante da crise. O Governo promoveu investimentos, mas a iniciativa privada não o acompanhou.

“O modelo foi baseado na expansão do mercado interno através do aumento do gasto público com investimentos, programas de transferência de renda, valorização do salário mínimo e ampliação do crédito e teve impactos diretos na condição de vida da população, com a geração de postos formais de trabalho, aumento na renda do trabalho, redução da miséria, dentre outros. No governo Dilma, complementarmente às iniciativas de investimento público, foram implementadas diversas medidas de redução de custo de produção com vistas ao aumento da competitividade, redução da taxa de juros reais aos menores patamares da nossa história recente, tudo com o objetivo de atrair o investimento privado, o que não aconteceu”, disse.

Os grandes meios de comunicação também são responsáveis pelo agravamento da economia brasileira. O tratamento que a grande mídia tem dado aos indicadores negativos divulgados, decorrentes da crise em que o país se encontra, ignora os avanços pelo quais a economia passou e encobre alguns dados, desprezando o fato de que os indicadores atuais são significativamente superiores aos do início deste século.

“Criam uma sensação de que, na verdade, tudo que se estruturou nos últimos anos está em cheque. Isso deteriora ainda mais as expectativas de recuperação da economia porque contribui para que os capitalistas brasileiros e estrangeiros mantenham seus recursos longe das atividades produtivas geradoras de riquezas, emprego e renda”, destacou Jackeline Natal.

Questionado sobre quanto tempo levaria para o Brasil sair da crise atual, Clemente foi bem realista: “ainda teremos um ano de 2016 complicado, que poderá ficar um pouco mais leve dependendo do que for feito”, disse 

Para Jackeline Natal, o Brasil deveria se voltar mais para o mercado interno para sair da crise. Segundo ela, o mercado interno brasileiro é considerável e possui uma grande demanda.  “Há uma demanda interna ainda significativa em termos de políticas sociais, infraestrutura, reforma urbana, transporte, saneamento, habitação, reforma agrária, uma agenda inteira que pode nos dar 15 anos de crescimento”, concluiu. 

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