Líder Fulni-ô morre em Águas Belas

Da Ascom Sindsep-PE

Um dos maiores líderes indígenas de Pernambuco, o cacique Fulni-ô João Francisco dos Santos Filho, 93 anos, faleceu nesse final de semana. Indígenas e não indígenas acompanharam o velório realizado nesse domingo (19), em Águas Belas. A igreja da cidade ficou lotada de pessoas que queriam se despedir do líder que esteve à frente das decisões da tribo Fulnio-ô por cerca de 60 anos e era conhecido por mediar conflitos de forma pacífica.

Depois do velório, todos seguiram cortejo a pé até o Cemitério Público Municipal, entoando cânticos da língua nativa Yathê e mensagens gravadas pelo próprio cacique pedindo paz e união, reproduzidas em carro de som. O povo Fulni-ô é a única etnia pernambucana que preserva a sua língua nativa. 

Na última comemoração do dia do Índio, o Sindsep-PE fez uma homenagem ao cacique gravando um vídeo de uma entrevista em que ele contou a sua história e pregou a união e paz entre os povos indígenas. Veja AQUI

Com a morte de João Santos, começam os rituais da tribo para a definição do próximo cacique.

João Francisco dos Santos Filho nasceu em 1925, em Águas Belas. Quando criança, ele trabalhou na agricultura. Certo dia, em 1941, um médico judeu chegou à cidade para cuidar dos índios e acabou adotando João. Ele levou o jovem de 16 anos para estudar no Rio de Janeiro, onde João se formou na Escola Agrícola de Pinheiral. João também estudou na Escola Agrotécnica de Barbacena, em Minas Gerais, onde chegou a atuar como jogador amador no América (MG).

Depois de se formar, João Santos voltou para a sua terra natal como coordenador no Serviço de Proteção ao Índio, indicado pelo Marechal Rondon. Em 1967, aos 42 anos, ele foi nomeado cacique e líder do seu povo. Em 2014, existiam cerca de 5 mil índios na aldeia de Águas Belas. João Pontes casou com Elba e teve quatro filhos.