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Intervozes lança em PE estudo Vozes Silenciadas: Reforma da Previdência e Mídia


A pesquisa é uma análise de como os grandes veículos de comunicação silenciaram a voz da classe trabalhadora e construíram um discurso para ajudar na aprovação da reforma

Publicado: 18/11/2019
Escrito por: Ascom Sindsep-PE

No dia 13 de novembro, na semana em que foi sancionada a Reforma da Previdência, o coletivo de comunicação Intervozes lançou em Pernambuco o estudo Vozes Silenciadas: Reforma da Previdência e Mídia. A pesquisa é uma análise de como os grandes veículos de comunicação silenciaram a voz da classe trabalhadora e construíram um discurso para ajudar na aprovação da reforma. O lançamento aconteceu no Sindsep-PE e contou com a presença de Iara Moura, do Intervozes, e do ex-deputado federal e professor da UFPE, Paulo Rubem Santiago.

O estudo analisou as edições impressas dos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo publicadas de 1º de janeiro a 30 de junho deste ano. Só foram consideradas as matérias sobre a reforma da previdência que tinham fala de especialistas. Iara Moura explica que foram escolhidas as edições impressas porque o coletivo entende que elas são um filtro do que já é publicado no online. Como resultado do trabalho, identificaram um desequilíbrio muito grande entre o discurso da classe trabalhadora em relação ao do governo.

Dos especialistas entrevistados, 74% foram favoráveis à reforma que o Intervozes, assim como todo o movimento sindical, entende que foi prejudicial aos trabalhadores. Outros 8,5% foram parcialmente contrários, ou seja, aprovavam a reforma, mas não daquele jeito, enquanto apenas 19% eram totalmente contrários. Em relação aos editoriais, que são a opinião dos veículos, a adesão à reforma era escancarada. “Tinha dia com mais de um editorial a favor do projeto”, conta Iara.

Outras considerações importantes do estudo é que a reforma da previdência era apresentada pela mídia como “necessária para o Brasil”, sem vinculá-la ao governo Bolsonaro. Os veículos de comunicação ignoraram até o fato de que a pauta principal do 1º de maio do movimento sindical foi a reforma da previdência. 

O gênero dos especialistas também chamou a atenção do Intervozes. Dos entrevistados, 88% eram homens e apenas 12%, mulheres, o que reforça a visão conservadora e machista dos veículos. Para além do estudo, Iara também trouxe alguns dados importantes. A campanha da Nova Previdência (reforma) custou mais de R$ 37 milhões para os cofres do governo, sem considerar os custos de divulgação, que não foram revelados. No entanto, nesse período foi possível identificar que as verbas publicitárias para a Rede Record cresceram 800% e para o SBT, 700%. 

COBERTURA DA TV
Além do impresso, houve análise também da cobertura televisiva. Foram analisadas quatro semanas de edições dos telejornais da Rede Globo (Jornal Nacional), Rede Record (Jornal da Record) e SBT (SBT Brasil). Nesse caso, o recorte foi estratégico. A primeira semana foi a posterior a apresentação da reforma ao Congresso, de 20 a 27 de fevereiro. A segunda foi a última de abril, logo após a aprovação do Relatório pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. A terceira entre 4 e 11 de julho, após a aprovação do relatório sobre a reforma pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, e a quarta, entre os dias 12 a 19 de julho, depois da aprovação da matéria no plenário da Câmara. 

Poucos especialistas foram ouvidos nos telejornais, segundo o estudo do Intervozes. As edições televisivas se preocuparam mais na explicação dos principais pontos da reforma, dando mais espaço para o governo. No entanto, dentre os poucos especialistas entrevistados, 90% se manifestaram favoráveis à reforma, enquanto 10% posicionaram-se contrários.

Para Paulo Rubem Santiago, a mídia tem lado e não é o da classe trabalhadora. “Estamos pagando um alto preço por não ter pluralizado as concessões públicas de comunicação”, critica o ex-deputado, se referindo-se às gestões de esquerda à frente da Presidência da República. Ele acredita que tanto Lula quanto Dilma (em seu primeiro mandato), acreditavam que seria possível construir hegemonia entre os veículos apenas investindo nas verbas publicitárias. “Na primeira oportunidade que tiveram (os grandes veículos) se viraram contra nós”, dispara.

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