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EDITORIAL: Aqui jaz a democracia


O dia 31 de agosto de 2016 ficará marcado para sempre na História do Brasil como a data em que o país sofreu mais um golpe de Estado. Os livros e a memória terão de registrar os quão perversos e antidemocráticos foram 61 senadores que votaram pelo afastamento da presidenta da República, Dilma Rousseff, eleita pela via democrática por mais de 54 milhões de brasileiros

Publicado: 31/08/2016
Escrito por: Ascom Sindsep-PE

O dia 31 de agosto de 2016 ficará marcado para sempre na História do Brasil como a data em que o país sofreu mais um golpe de Estado. Os livros e a memória terão de registrar os quão perversos e antidemocráticos foram 61 senadores que votaram pelo afastamento da presidenta da República, Dilma Rousseff, eleita pela via democrática por mais de 54 milhões de brasileiros. Um colégio eleitoral de apenas 81 parlamentares rasgou, sem nenhum pudor e com a ganância de usurpadores que não aceitam o resultado das urnas, mais de cem milhões de votos, dos quais mais de 50% escolheram Dilma para governar o Brasil. Mas esses senhores não jogaram fora apenas o voto popular. Eles jogaram na lata do lixo suas biografias. Biografias, em muitos casos, diga-se de passagem, que já não têm lá muito o que perder, tamanhas as acusações que recaem sobre elas.

Nesses longos nove meses que perduraram o processo de impeachment no Brasil, ficou mais que provado que não houve crime de responsabilidade, que não há nada que desabone a conduta ética de Dilma Rousseff e que não recai sobre ela qualquer acusação de práticas ilícitas. Ao contrário, o que ficou claro para o mundo inteiro foi a firmeza da presidenta, que não se rendeu às chantagens do corrupto-mor Eduardo Cunha – patrono do impeachment -; que enfrentou como ninguém o combate à corrupção, dando autonomia à Polícia Federal, ao Ministério Público e à Procuradoria Geral da República; e que se negou a fazer a política do toma-la-dá-cá com deputados e senadores, num país alicerçado numa prática patrimonialista e que os interesses privados prevalecem sobre o espírito público.

Além disso, esse golpe é machista. Não só durante os nove meses desse processo, mas desde a primeira eleição de Dilma Rousseff, em 2010, o que se viu foi um Brasil que nunca aceitou ter uma mulher como chefe da Nação. Inserido numa campanha de ódio contra o PT - partido da presidenta - que tomou conta do país, estava a discriminação de gênero, a misoginia, o sexismo, a apologia à violência contra a mulher a à cultura do estupro. Um preconceito herdado de um Brasil patriarcal e um dos líderes no ranking de feminicídio.

Agora é esperar pelo pior. Desde a interinidade, o governo golpista de Michel Temer já mostrou a que veio. Começou com a nomeação de um ministério formado apenas por homens, todos brancos e ricos. Nenhum deles com origem no projeto eleito nas urnas. DEM, PSDB, PPS e tantas outras forças políticas derrotadas nas eleições de 2014, com o golpe, passam a ser governo. E já deram sinais que vão resgatar o que há de mais conservador e ultraneoliberal, ressuscitando a política do Estado Mínimo e implantando reformas que visam retirar direitos da classe trabalhadora. Não nos resta outra alternativa a não ser resistir.

Assim como aconteceu em 1937 e 1964, o golpe de 2016 fere de morte a democracia brasileira. Uma democracia que, na História do Brasil, vem apenas intercalando longos períodos autoritários, todos marcados pela violência. Diferente do que aconteceu com Getúlio Vargas - que deixou a vida entrar na História – e com João Goulart – que se exilou no Uruguai -, Dilma Rousseff deixa a Presidência da República mas continua na linha de frente da resistência. E é essa energia e coragem da presidenta golpeada que faz renascer uma esperança em cada um de nós na busca pela recomposição da tão jovem e frágil democracia. Avante!

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