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É hora de acordar para os desastres climáticos, por Luis Nassif


A nova ação exigirá formas de articulação de associações, movimentos, federações. E esse movimento poderá contar com o apoio econômico das empresas de mineração - que têm um enorme passivo para o acerto de contas com o país

Publicado: 18/02/2022
Escrito por: Portal GGN

Cerca de dez anos atrás, o Banco do Brasil montou um grupo para analisar os impactos das mudanças climáticas sobre o campo, que regiões poderiam ser afetadas e como preparar a transição.

Mas é padrão brasileiro não dar continuidade a nenhuma política e a nenhum tema. Nos últimos anos, a sucessão de desastres demonstrou que a crise climática veio para ficar. 

Não se trata mais de uma questão de governo, mas um fenômeno que impacta diretamente a economia, os municípios, as grandes corporações, as companhias de seguro. O enfrentamento da questão exigirá a montagem de uma frente ampla visando prevenir futuros desastres.

Tome-se o caso da mineração de urânio em Caldas-Poços de Caldas. Durante décadas havia uma indústria de beneficiamento de urânio, de propriedade das Indústrias Nucleares Brasileiras. Desativada, deixou um legado de rejeitos radioativos, conhecidos como Torta II. Segundo denúncias que chegaram ao Tribunal de Contas da União (TCU), as paredes do reservatório estão rachadas.

Atualmente, a Torta II armazena 12.534 toneladas de lixo radioativo.

Não se trata de questão banal. O lago está em um ponto elevado. Se o lago se romper, corre-se o risco de contaminar o lençol freático de uma ampla região, que poderá ir de Poços de Caldas a Ribeirão Preto.

Não apenas isso. As cidades serranas – entre as quais Poços de Caldas -, de uma maneira geral, não montaram planos diretores adequados e, na maioria das vezes, a regulação foi atropelada pela especulação imobiliária. E isso em uma quadra da história em que as tempestades têm ocorrido em níveis recordes.

Nada se espere do governo federal. IBAMA, Ministério do Meio Ambiente, se tornaram valhacoutos de especuladores. A iniciativa terá que partir da sociedade civil, associações empresariais, Frente Nacional de Prefeitos, empresas seguradoras.

Poderá ser um bom exercício para o processo de reconstrução do país – que sucederá o desastre Bolsonaro. A nova ação exigirá formas de articulação de associações, movimentos, federações. E esse movimento poderá contar com o apoio econômico das empresas de mineração – que têm um enorme passivo para o acerto de contas com o país.

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