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Classe trabalhadora nas ruas para barra retrocessos


Foram negociações acirradas e muita mobilização de rua para barrar retrocessos a avançar na luta neste ano de 2015

Publicado: 29/12/2015

Ascom Sindsep-PE

Instabilidades política e econômica, associadas ao Congresso mais conservador desde a ditadura militar resultaram num dos anos mais difíceis dos últimos tempos para a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Foram negociações acirradas e muita mobilização de rua para barrar retrocessos a avançar na luta neste ano de 2015.

Uma das estratégias do movimento sindical foi estreitar os laços com os movimentos sociais. Em setembro, em Belo Horizonte, foi criada a Frente Brasil Popular. Trata-se de uma coalizão de centrais sindicais, movimentos sociais, partidos políticos, intelectuais, artistas e religiosos comprometidos com a defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora e do patrimônio do povo brasileiro.

Para fortalecer a coalizão estão sendo organizadas seccionais da Frente Brasil Popular em vários estados, o que já possibilitou a realização de uma série de atos públicos pelo país. Em Pernambuco, a frente foi lançada no dia 28 de setembro, no Sindicato dos Bancários.  

O presidente da CUT-PE, Carlos Veras, explica que outra medida tomada no Estado para se contrapor às ideias conservadoras foi o lançamento da versão estadual do jornal Brasil de Fato. “Um jornal que faz um contraponto, que dialoga com a sociedade. Uma alternativa aos meios de comunicação monopolizados, golpistas, que mentem, assediam moralmente seus próprios funcionários. Então, todas essas articulações (Frente Brasil Popular e Brasil e Fato) foram essenciais para que pudéssemos dar respostas à direita”, dispara Veras.

A OFENSIVA CONTRA A CLASSE TRABALHADORA foi visível nos pacotes de ajustes fiscal anunciados pelo governo este ano. “Ele (ajuste fiscal) penaliza a classe trabalhadora. Para nós, esse tipo de ajuste não serviu no passado e não serve agora. No governo FHC, a primeira coisa que se fazia na época de dificuldades era cortar benefício ou atingir de qualquer forma a classe trabalhadora. Chegamos a ter 36% de desemprego no país. Então é uma receita antiga que não serve”, lembra o presidente estadual da CUT.

O secretário adjunto de Relações do Trabalho da CUT nacional, Pedro Armengol, também critica a política macroeconômica do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Para ele, é preciso mudar a lógica, pois as altas taxas de juros favorecem os bancos, mas diminuem o poder de compra dos brasileiros. “Não pode reduzir investimentos e políticas públicas sociais. O país precisa de uma reforma tributária, com taxação de grandes fortunas, para que quem ganhe mais pague mais, e não o contrário.”

A TENTATIVA DE GOLPE foi sem dúvida um dos fatos marcantes neste ano de 2015. Uma manobra orquestrada por setores conservadores da sociedade. No mês de novembro chegaram a acampar em frente ao Congresso para pedir a intervenção militar no Poder Executivo Federal. Em dezembro, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), acatou um pedido de impeachment contra a presidente Dilma. O processo está em tramitação no Congresso. A acusação é de “pedaladas fiscais” no ano de 2015, quando o governo faz uma projeção de arrecadação maior para poder gastar mais. No entanto, tais pedaladas sempre existiram inclusive como uma forma de estimular a economia e não como um crime.

“A direita não se conformou de perder as eleições em 2014 e tentaram de toda forma interromper um mandato legítimo, pedindo a volta da ditadura militar”, lamenta Carlos Veras. A classe trabalhadora foi às ruas defender a democracia; a manutenção dos seus direitos; e a Petrobras como um patrimônio público do povo brasileiro.

No início de dezembro foi lançado em São Paulo o manifesto Compromisso Nacional pelo Desenvolvimento. “Estamos vivendo uma crise e quem sofre é o trabalhador, sem crescimento e com perda de emprego. Além disso, precisamos mudar a pauta imposta pela direita, de impeachment, Lava-Jato e ‘Plano Levy’. Temos que continuar nas ruas e apresentar propostas que façam com que o país continue a crescer, no rumo do desenvolvimento, sem retirada de direitos, sem penalizar o trabalhador”, disse o presidente nacional da CUT, Wagner Freitas, sobre a adesão ao documento.

A CRISE ECONÔMICA REFLETIU nas negociações salariais. Em alguns setores da iniciativa privada ainda foi possível o reajuste inflacionário, manter as cláusulas sociais nos acordos coletivos sem retirar de direitos. Os patrões tentaram de todo jeito aproveitar o mote da crise para retroceder, mudar a data base da categoria e o movimento sindical, com muita habilidade, fez esse enfretamento e conseguiu garantir conquistas.

“Na construção civil em Pernambuco tentaram a todo custo mudar a data base de outubro para março do próximo ano. Ou seja, cinco meses sem reajuste e sem direito a retroativo. Se isso acontecesse teria um efeito dominó. Patrões de outras categorias iam querer o mesmo”, Carlos Veras.

Foram mais de 5 mil demissões em Suape este ano. “Suape está abandonada. Faltam investimentos no local. É preciso retomar as obras. Não só lá, mas em outros locais, Transnordestina, Transposição do São Francisco...” O presidente da CUT-PE conta que até os banqueiros reclamaram, quando na verdade eles ganham mais com crise do que sem crise, por conta das altas taxas de juros.

Questionado sobre as expectativas para o ano de 2016, Carlos Veras não tem dúvida: “O ano que vem não será diferente. Vai precisar de muita luta, muito embate da classe trabalhadora com o capital. Essa política econômica não ajuda em nada. Ela é recessiva.”

Para Pedro Armengol, tudo ainda está muito indefinido. Os cenários são pessimistas, de crescimento negativo e desfavorável à luta da classe trabalhadora. “O movimento sindical precisa reforçar essa capacidade de mobilização no trabalhador brasileiro porque a situação não é fácil, compromete inclusive as instituições democráticas”, diz o secretário da CUT nacional.

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