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Ato de apoio a Lula sufoca a direita. Apesar da PM tucana


Lula é perseguido por seu combate às desigualdades sociais. E Justiça ignora erros tucanos

Publicado: 18/02/2016

Da CUT

Foi do jeito que tinha de ser. Do lado de cá, um grupo de milhares de pessoas. Do lado de lá, não mais que 80 saudosistas da ditadura, que rapidamente caíram para menos de 20 à medida que subia o sol de 30 graus. E a PM comandada pelo governo tucano de São Paulo, por sua vez, somou-se à minoria que defende privilégios e reprimiu os movimentos sociais – com cassetetes, bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta.

O ato de apoio ao ex-presidente Lula realizado na manhã desta quarta-feira, diante do Fórum da Barra Funda, em São Paulo, só não foi totalmente favorável aos seus organizadores por conta da ação truculenta da polícia, que visivelmente adotou posição de defesa ao grupelho que pedia, entre outras coisas, intervenção militar – algo que, de certa maneira, acabou por conseguir –, “fim do comunismo” e morte ao PT.

A PM quebrou acordo que havia firmado com os dois grupos. O acordo previa que a entrada do fórum permaneceria livre para circulação e que o boneco Pixuleco – uma caricatura de Lula vestido com roupa de presidiário – não seria inflado nem erguido. Esse acordo, inclusive, foi divulgado a todos os presentes, por intermédio do carro de som que a Frente Brasil Popular levou ao local.

Enquanto isso, os simpatizantes da ditadura e dos julgamentos sumários chamavam, com acenos, os militantes do lado de cá para a briga. Sem obterem sucesso com a provocação, passaram a atirar pedras. Até então, nada de confronto físico, conforme orientação das lideranças paulistas da Frente Brasil Popular.

Intervenção militar

Por volta de meio-dia e meia, os simpatizantes das ideias fascistas começaram a inflar o boneco, de maneira acintosa. Um espaço de aproximadamente 10 metros e algumas grades separavam os dois grupos. No carro de som, o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, chamou a atenção da PM para o que se passava do outro lado e pediu que o acordo fosse cumprido.

Como o boneco continuava sendo inflado sem qualquer reação da PM, militantes da Frente Brasil Popular lançaram-se na tentativa de furá-lo. Os PM fizeram então uma espécie de cordão de isolamento em torno dos saudosistas da ditadura e passaram a distribuir borrachadas e bombas de gás lacrimogênio contra todos que vestiam vermelho. O corre-corre não demoveu quem queria destruir o Pixuleco e, exatamente às 13h – número do PT e de Lula – o boneco foi finalmente rasgado por militantes dispostos a enfrentar os cassetetes. Alguns saíram bastante feridos, sangrando no rosto, braços ou pernas.

O ato – que havia começado por volta das 7h e estendido até aquele horário justamente para tentar impedir que o boneco fosse exibido ao vivo nos telejornais vespertinos – foi então considerado encerrado. O Hino Nacional foi precedido pelo já tradicional “olê, olê, olá, Lula, Lula”.

Repúdio a violência

O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, repudiou a violência policial durante a atividade e explicou o motivo que levou milhares de pessoas às ruas nesta quarta. “Fomos para defender o legado de um operário que chegou à presidência do País e mudou profundamente a condição de vida de milhares de trabalhadores.”

O dirigente também falou sobre a postura do promotor de Justiça de São Paulo, Cássio Conserino, ao intimar Lula e sua mulher, Marisa Letícia, para depor em investigação sobre um apartamento triplex no Guarujá, no litoral do Estado.

“Estamos indignados com a forma com que o Ministério Público de São Paulo vem atuando neste caso. O mesmo empenho que o promotor teve contra o ex-presidente da República não é visto nas denúncias relacionadas ao Metrô de São Paulo e, agora, com a merenda das escolas públicas. Todas essas são situações que afetam a população diariamente e que envolve o governo do Estado de São Paulo. Ou seja, parece existir partidarização no tratamento, mas não queremos uma Justiça partidarizada”.

Coordenador estadual da Central de Movimentos Populares (CMP) em São Paulo, Raimundo Bonfim, acredita existir uma investigação seletiva. “Mas não é só para criminalizar Lula, uma importante liderança popular, mas a própria atuação da esquerda e dos movimentos sociais".

Bonfim afirma que as entidades ligadas à Frente Brasil Popular em São Paulo – cerca de 60 - construirão muitas atividades em 2016. “Dizemos pra direita e para os setores reacionários que nós reagiremos nas ruas a qualquer tentativa de criminalização dos movimentos de esquerda”, diz.

Metalúrgico e secretário Geral da CUT São Paulo, João Cayres, explica que pessoas de diferentes estados estiveram presentes no ato. “Há uma Justiça seletiva, que persegue Lula há 40 anos. Como pode um promotor daqui de São Paulo convocar o ex-presidente com base em informações de uma revista que escreve de manhã e, logo na sequência, já está pedindo desculpas pelo erro de informação”, indaga.

A perseguição a Lula, para o secretário de Imprensa do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo, Gustavo Marsaioli, tem relação com os avanços ocorridos no Brasil nos últimos anos. “A Petrobras, por exemplo, vinha num momento de plena destruição pelos movimentos neoliberais antes de Lula entrar. A empresa estava em frangalhos. A vinda de Lula significou a volta dos investimentos no setor de petróleo, a evidência da empresa como instrumento de política pública e a geração de empregos”. 

Dirigindo-se ao pequeno grupo que, do lado oposto, pedia a prisão de Lula, o impeachment de Dilma, a volta da ditadura militar, o “fim do comunismo”, entre outras atrocidades, Janeslei Albuquerque disse: “Somos diferentes sim. Defendemos um país mais justo, em que os filhos dos pobres tenham acesso a uma vida melhor”. Janeslei é secretária de Mobilização e Relação com os Movimentos Sociais da CUT Nacional.

Estiveram presentes ao ato parlamentares de diferentes partidos – PT, PcdoB e PDT. Entre eles, o deputado federal Paulo Teixeira, autor do pedido de liminar que suspendeu o depoimento do ex-presidente Lula e de sua companheira, Marisa Letícia. “Nós temos muito respeito pelo Ministério Público. Tanto é verdade que procuramos o próprio Ministério para solicitar a suspensão do depoimento de hoje. Mas nós não queremos que pessoas se escondam atrás de cargos para praticar ilegalidades”, disse ele, ao microfone. Teixeira encaminhou o pedido de liminar ao Conselho Nacional do Ministério Público, que ontem julgou irregular a convocação de Lula.

A vereadora paulistana Juliana Cardoso (PT), convocou os militantes a entoar, em forma de jogral, a seguinte mensagem: “Sabe o que vocês não sabem sobre nós? É que nós surgimos das lágrimas do povo, das lutas populares. Vocês não vão acabar com nossos sonhos”. Foi seguida pela multidão, que repetia as frases.

Agressão e detenção 

O sociólogo Michel Szurkalo foi agredido na confusão do ato de nesta quarta, em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. O autor da agressão foi o empresário e líder do grupo Revoltados On Line, Marcello Reis, o mesmo homem presente em um conflito que ocorreu no último Congresso do PT, em Salvador (BA), em meados de 2015. No vídeo gravado pela reportagem da CUT, Marcello tenta intimidar Michel, chamando-o de “ótário”, “petralha” e “safado”, fazendo, inclusive, gesto de agressão.

Apesar de vítima, Michel foi detido e interrogado em uma delegacia da capital paulista. Com o apoio de militantes que testemunharam a seu favor, ele foi liberado no final da tarde.

Nossa reportagem apurou que ao menos dez militantes foram agredidos pela PM. Seis com ferimentos que exigiram atendimento hospitalar. Somente da capital fluminense, três militantes foram gravemente feridos. O presidente da CUT Rio de Janeiro, Marcelo Rodrigues, falou sobre o fato de a polícia existir como instrumento de controle e repressão. “Enfrentamos a força policial na ditadura militar e continuamos resistindo. Mas, mesmo com tamanha violência, a gente conseguiu fazer um bonito ato. Não há truculência que nos  impeça de sair às ruas”

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