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Agora Guedes quer colocar a culpa da inflação no reajuste dos servidores


O que está destruindo a economia brasileira é o projeto neoliberal, de ajuste fiscal e corte nos investimentos públicos, implantado pelo próprio ministro desde 2019

Publicado: 11/04/2022


No momento em que os servidores públicos federais estão mobilizados em defesa de uma reposição inflacionária de seus salários, o ministro da Economia, Paulo Guedes, volta a soltar mais uma de suas bravatas. Com a inflação brasileira atingindo patamares acima dos 10% ao ano, há mais de seis meses, devido a incompetência do governo Bolsonaro em promover uma gestão econômica eficaz, Paulo Guedes afirmou, em evento do mercado financeiro, que conceder reajuste salarial aos servidores poderia destruir a economia. 

Mas o que está destruindo a economia brasileira é o projeto neoliberal implantado pelo próprio ministro desde 2019. O declínio econômico aconteceu justamente por causa da redução de investimentos em serviços públicos e por uma gestão centrada em ajustes fiscais. O desinvestimento foi responsável pela fuga de capital. Os dois movimentos retiraram recursos da economia, contribuindo para o crescimento do desemprego, miséria e fome. 

A política de dolarização dos preços dos combustíveis tem sido a maior responsável pela inflação desenfreada no país. Como o preço dos combustíveis brasileiros seguem o valor praticado internacionalmente, todas as vezes que o valor do barril do petróleo sofre um aumento, a população brasileira sente o reflexo em seu bolso. Isso porque o aumento dos combustíveis incide sobre o reajuste dos preços de praticamente todos os outros produtos brasileiros. 

“Esse é o preço do golpe de 2016. Agora, cinicamente, Paulo Guedes afirma que uma reposição salarial iria promover o descontrole de uma inflação como se esse descontrole já não existisse. Importante lembrarmos que os servidores federais já estão há mais de cinco anos sem qualquer tipo de reajuste e os salários estão defasados em mais de 30%”, comentou o coordenador geral do Sindsep-PE, José Carlos de Oliveira. Apesar dos cinco anos sem reajuste, a demanda dos servidores é por uma reposição de apenas 19,99%, referente à inflação dos três anos do governo Bolsonaro. 

Desinvestimento

Segundo levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), divulgado nessa segunda-feira (11), o ano de 2021 consolidou o processo de "desfinanciamento de políticas públicas" que fez o Brasil retroceder no combate às desigualdades e na preservação dos direitos humanos. O estudo “A Conta do Desmonte – Balanço Geral do Orçamento da União”, analisou os gastos do governo federal nos três anos do governo Bolsonaro. 

Para se ter uma ideia, em 2021, o pior ano da pandemia de Covid-19, os recursos para enfrentar a doença caíram 79% na comparação com 2020. Segundo o relatório, a saúde perdeu R$ 10 bilhões em termos reais entre 2019 e 2021. “Ao alimentar uma falsa dicotomia entre vida e economia, mas sem ‘salvar’ nenhuma delas, o mandato de Jair Bolsonaro deixou mais de 660 mil pessoas morrerem de Covid-19 – boa parte dessas mortes evitáveis; jogou milhares na extrema pobreza e no desemprego, e baixou consideravelmente o poder de compra dos trabalhadores ao deixar destacou Nathalie Beghin, coordenadora da Assessoria Política do Inesc. 

Em relação à educação, a pesquisa mostra que não houve investimento do governo para atuar na redução do prejuízo escolar para os estudantes da rede pública durante a pandemia. Os dados revelam que 60% dos estudantes contavam apenas com o celular para assistir às aulas on-line. Desses, 16% não tinham um pacote de dados que durasse o mês inteiro.

De acordo com o relatório, o governo não alocou nem um centavo para a habitação de interesse social em 2020 e 2021. Em 2019, foram gastos cerca de R$ 18 milhões, mas foram pagamentos de despesas contratadas no governo de Dilma Rousseff.

Os recursos para promoção da igualdade racial diminuíram mais de 8 vezes entre 2019 e 2021. Já os recursos gastos com ações voltadas para as mulheres caíram 46% no mesmo período. Nos últimos 3 anos, 45% dos recursos voltados para proteger e demarcar os territórios indígenas foram destinados a indenizações e aquisições de imóveis – medida que beneficia os invasores de terras indígenas. 

Nas políticas ambientais também houve dificuldade para executar o orçamento disponível devido à falta de pessoal e nomeação de pessoas sem experiência e capacidade para conduzir a política de fiscalização territorial. 
 

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