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A volta da indústria nacional


A trajetória da última década é triste. Bem depressiva. Só encolhemos, em praticamente todos os setores industriais

Publicado: 09/10/2023

Do GGN

O caminho do agro nacional está bem-posto, tanto no atendimento dos mercados internos, quanto no negócio da exportação, quase sem impostos, com uma automação expressiva e competitividade suficiente para outros países criarem barreiras contra nós. A trajetória dos serviços nacionais está bem-posicionada, com baixos impostos relativos, uma mão de obra com potencial de qualificação nas grandes cidades e espaço para micro e pequenas empresas, com um contraponto dos juros, que dificultam investimentos e crescimento expressivo, mas isso é decorrente de questões macroeconômicas e de ciclos.

Não se pode falar o mesmo da indústria, pois a trajetória da última década é triste. Bem depressiva. Só encolhemos, em praticamente todos os setores industriais. Muitas das coisas exaustivamente repetidas na imprensa e nas discussões vão na direção contrária à industrialização, o que é uma pena, pois ela agrega mais valor do que a agricultura, mais empregos, mais riquezas e ainda transforma nossas commodities minerais para exportar, com competências e recursos tecnológicos. Ao contrário do que parece o senso comum, precisamos de mais engenheiros competentes e atualizados, do que mais técnicos. Indústria é aplicação de tecnologia em processos, produtos e serviços.

Tive a oportunidade de ser “escutado” em uma das audiências do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), em Brasília, na trilha da infraestrutura. Foi possível perceber ali um time de executivos públicos com interesse legítimo em retomar a indústria nacional. Isso é um alento, pois precisamos identificar os caminhos sistêmicos e os instrumentos de política pública e ação privada, integrados, para que a indústria retome sua força na produção nacional. Sem um esforço conjugado das iniciativas públicas de gestão (executiva, educacional e tecnológica), de política públicas (instrumentos legais, financeiros e regulatórios) e da sociedade integrada (comunicação e ação empresarial efetiva), não teremos a possibilidade de reconstruir o tecido industrial destruído.

A vocação industrial poderá ser (novamente) uma realidade brilhante, se, como sociedade, conseguirmos tecer este complexo arranjo. A possibilidade está posta. Felizmente, consegui perceber naquele encontro uma amostra do que pode ser feito quando os “diferentes” dialogam com um propósito único de construção. Como disse um dos melhores oradores do congresso norte-americano nos anos 1940-1950 – Sam Rayburn – “qualquer um pode destruir, mas apenas carpinteiros podem construir”. Precisamos de muitos construtores de políticas públicas e ações empresariais. Construir negócios, reconstruindo a indústria nacional será um desafio, pois há muitos contrários, dentro e fora do país.

Sair dos atuais cerca de 10% do PIB, trazendo a indústria de volta para o dobro disto, é uma rota fundamental para a retomada do crescimento social e econômico, com respeito ao meio ambiente. Aí está a coexistência da estabilidade, com a mudança que precisamos, pois o tripé da sustentabilidade pode melhorar a qualidade da vida nas cidades, com mais produtos industriais transformando a realidade, como com ações voltadas para a mobilidade urbana.

A volta da indústria da construção civil, saindo do “artesanato” para a atividade industrial, com diversas trilhas adicionais, permitirão uma mudança de ares, do passado para o futuro, do manual para o tecnológico. Esta é uma rota que vale a pena construir, pois ela é feita de diálogo, de oportunidades e da participação de todos. Ela também pode apoiar a Amazônia, com a ampliação da indústria em Manaus, ao invés da sua destruição.

Augusto Cesar Barreto Rocha – Professor da UFAM

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