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A humanidade é desumana


A imagem de Aylan é um claro retrato da crise humanitária, fruto de uma globalização perversa, que cultua o individualismo ao invés da solidariedade

Publicado: 05/10/2015

Por Isac Santos

O mundo inteiro parou, no dia 2 de setembro, envolto à trágica imagem de uma criança, de apenas três anos, encontrada morta por afogamento na beira de uma praia em Bodrum, na Turquia, quando tentava, com sua família, chegar à Europa ao fugir do Estado Islâmico, na Síria. Junto com Aylan Kurdi, morreram também um irmão, sua mãe e uma jovem de 18 anos. Todos vítimas do drama que assola milhares de pessoas refugiadas que buscam guarida em países europeus ao fugirem da guerra em nações como Síria, Iraque, Afeganistão, Bangladesh e Paquistão.

A imagem de Aylan é um claro retrato da crise humanitária, fruto de uma globalização perversa, que cultua o individualismo ao invés da solidariedade. Aquela imagem do garoto chocou o mundo, não foi? Nas primeiras horas, naquele dia, naquela semana, mas depois foi perdendo força. Já se tornou rotina notícias de migrantes mortos – a grande maioria crianças – ao tentar fugir de seus países. Mas esse cenário parece já ter se naturalizado e se mantém sem grandes espantos da sociedade global.

Na Hungria, não bastasse o governo fechar as fronteiras do país, ainda expulsa com gás lacrimogêneo aqueles que buscam asilo. A Hungria transformou-se berço da xenofobia no mundo. Outros países não chegam a tanto, mas estão com mais rigor no controle das fronteiras, no sentido de evitar o excesso de refugiados. Outra aberração nessa guerra pela sobrevivência é a cobiça dos traficantes de migrantes, a busca pelo lucro acima da vida.

Convenções das Nações Unidas obrigam países signatários a aceitarem, não discriminarem nem punirem quem solicita asilo como vítima de guerras ou perseguições. Mas não é isso que vimos. Quantas outras crianças ainda precisam morrer – esperamos que mais nenhuma – para que a sociedade se dê conta que o problema não é isolado? Até quando as pessoas vão continuar com sua indignação seletiva? Algo precisa ser feito.

Ou a humanidade faz uma reflexão acerca do seu papel nessa sociedade em rede ou tragédias como a de Aylan e tantas outras vão continuar fazendo parte do cenário mundial.

Isac Santos é jornalista, funcionário público federal e diretor de Imprensa do Sindsep-PE

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