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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
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Publicado: 10/07/2017
Por Eduardo Guimarães
A esta altura, Michel Temer deve estar perplexo com a justiça poética que está sendo feita tão rapidamente após ele praticar uma traição miserável contra Dilma Rousseff. Não que ele não saiba que não há honra entre ladrões; deve estar surpreso com a velocidade com que as coisas estão acontecendo.
Tenho para mim que os golpistas nunca entenderam nada. Michel Temer chegou à Presidência todo pimpão, achando que iria abafar por ter casado com a menina com idade para ser sua neta.
Não tem senso de ridículo, não tem autocensura, não tem noção, enfim…
Mas o pior de tudo é que subestimou a enormidade que é presidir uma ditadura sem ter por trás de si um exército muito fiel e armado até os dentes.
Os golpistas sentiram-se incrivelmente poderosos. Acharam que por derrubarem o quarto governo popular petista consecutivo e por se disporem a tirar dos brasileiros tudo que esses governos deram ao longo de mais de uma década, estariam imunes a qualquer abuso que praticassem ou que já praticaram.
Eles não entenderam nada. Vivemos na era da informação e da comunicação. Ditadura sem censura não funciona, tem vida curta. É por isso que a primeira coisa que faz toda ditadura é acabar com a liberdade de expressão.
Temer bem que tentou. Ensejou processos, intimidações de jornalistas etc. Estabeleceu uma relação de cumplicidade com a República de Curitiba sem se dar conta que ela não pode usar sua moral seletiva para proteger quem tem foro privilegiado.
E não imaginava que Teori Zavaski levaria a sério essa coisa de “a lei é para todos”.
O país que Temer pensou estar governando era um país conformado em impor a lei somente para os quatro pês – preto, pobre, puta e petista. Ocorre que, mesmo que tentem materializar esse país, há muita gente que discorda… Muita gente!
Temer vai cair? Se depender do Temer de Temer, vai. Todo traidor será traído, dizem. Essa é uma lógica inquebrantável. O mundo dos ladrões desonrados é um mundo fétido, gelado, insalubre. O perigo espreita a cada curva da estrada desse tipo de vida.
Segundo o jornal Valor Econômico, “O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou a conversar mais com o mercado financeiro desde o agravamento da crise política, num movimento visto por analistas, economistas e agentes com quem se reuniu como uma tentativa de mostrar que, caso o presidente Michel Temer seja afastado, estaria preparado para assumir a função (…)”
A situação é mais feia do que parece. Publicamente, Temer e Maia trocam elogios e juram fidelidade, mas os entendimentos entre o provável novo presidente e o patrocinador do golpe, o “mercado”, têm que ser feitos. Isso não dá para disfarçar ou postergar. Trocar o comando de um transatlântico como o Brasil não é tão simples.
O resultado é o espetáculo patético que estamos assistindo, no qual Temer e Maia fingem que acreditam no que dizem sobre “lealdade”, a qual não param de jurar devotar um ao outro.
Enquanto um acaba de cometer uma das maiores deslealdades que este país já viu – trabalhar para derrubar a companheira de chapa na eleição de 2014 –, o outro participa de uma explosão de reuniões com agentes econômicos noticiadas publicamente e realizadas de chofre (de repente) sem maiores explicações.
O senador tucano da Paraíba Cassio Cunha Lima previu que Temer cairia em 15 dias. As razões? O presidente não conseguirá tocar as reformas (anti) trabalhista e da Previdência porque o Congresso terá medo de se identificar com ele votando consigo matérias que propôs e que são imensamente impopulares.
Tampouco existe a possibilidade de fazer uma votação secreta de reformas que extirpam direitos dos trabalhadores (que somos todos nós). Então, deputados e senadores teriam que votar medidas que empobrecerão um país inteiro sob as ordens de um presidente comprovadamente corrupto e absurdamente impopular.
Cada parlamentar que votar as reformas pelas quais o “mercado” lhe pagou – ou prometeu pagar – para votar, e que fizer isso sob a batuta de Temer, estará eleitoralmente perdido. Se for medida proposta por um “novo” governo seria menos ruim – é o que pensam os bandoleiros da maioria de direita que cometeu crime de lesa-pátria ao derrubar Dilma sem razões legais.
Eles não entenderam nada. 353 golpistas da Câmara, mais 61 do Senado nunca entenderam nada. Acham que vão causar o maior e mais rápido empobrecimento coletivo da história e sairão à francesa disso, e ainda aplaudidos.
Ou acham que vão curtir seus milhões de propina paga pelo “mercado” para empobrecerem uma nação e dane-se o resto.
Agora, o plano B é Rodrigo Maia.
É mesmo? Será que vão conseguir ferrar 200 milhões de brasileiros usando um poodle de madame em lugar de um vampiro?
Vejamos…
Os crimes de Maia
Cinco delatores relataram em abril elos de Rodrigo Maia com setor de propinas da empreiteira Odebrecht e a Polícia Federal acusou o presidente da Câmara em fevereiro de ter recebido 1 milhão de reais de propina da OAS.
Cinco delatores da Odebrecht revelaram à Procuradoria-Geral da República uma longa rotina de repasses de dinheiro da empreiteira ao presidente da Câmara.
Ao requerer abertura de inquérito contra Maia e seu pai, o procurador da República citou as declarações dos cinco colaboradores – Benedicto Barbosa da Silva Júnior, João Borba Filho, Cláudio Melo Filho, Carlos José Fadigas de Souza Filho e Luiz Eduardo da Rocha Soares.
Os delatores apresentaram à Procuradoria um cronograma constante no sistema ‘Drousys’, instalado no ‘Setor de Propinas’, e apontaram o nome de João Marcos Cavalcanti de Albuquerque, ‘assessor do deputado federal Rodrigo Maia, como intermediário das operações’.
Na avaliação de Janot, o presidente da Câmara teria praticado os crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.
Além disso, a Polícia Federal concluiu investigação sobre Rodrigo Maia no âmbito da Operação Lava Jato, e apontou indícios de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. A investigação da PF teve origem em mensagens de celular entre Maia e o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.
Segundo o inquérito da PF, em troca de propina de R$ 1 milhão, o parlamentar teria defendido interesses da empreiteira no Congresso, entre 2013 e 2014, como apresentar uma emenda à uma Medida Provisória que definia regras para a aviação regional, em benefício da construtora.
Alguns dirão que a situação de Maia é menos feia porque (ainda) não existem áudios e vídeos comprovando seus crimes, como no caso de Temer. Porém, ele chegaria – ou chegará – ao poder em situação extremamente mais desfavorável que o atual presidente da República.
Temer assumiu em meio a uma festa da direita brasileira. Mídia, “mercado”, a maioria esmagadora do Legislativo, a Polícia Federal, o Ministério Público, o Judiciário, todos exultantes com o grande feito de derrubarem – ou deixarem derrubar – Dilma Rousseff por meios fraudulentos.
Na verdade, derrubar Dilma por esses meios parecia agradar especialmente os golpistas unidos, como se dissessem: “Tivemos poder para derrubá-la sem razão nenhuma. Somos superpoderosos”.
Com o tempo, o golpismo foi se dividindo na medida em que o povo começou a acordar e percebeu que era balela aquela história de “vamos tirar Dilma e tudo se resolverá por mágica”.
Maia assumiria em uma situação dificílima porque já chegaria como alvo de suspeitas de corrupção. E ao não resolver a situação rapidamente assumirá o ônus do empobrecimento rápido que os brasileiros estão experimentando conforme a crise política que os golpistas causaram não se desfaz.
Os golpistas e os fascistas que ainda os apoiam acham mesmo que os brasileiros vão se conformar em empobrecer e perder direitos após mais de uma década realizando sonhos de uma vida durante os governos de Lula e Dilma. Não sabem que a maioria deixou derrubarem Dilma achando que a direita devolveria ao povo aquilo que quem lhe dera fora o PT.
Maia provavelmente cairá mais rápido do que Temer. O atual presidente é “macaco velho”. Um sobrevivente. Está sempre no poder desde a redemocratização do país, em 1985. Se não durar no cargo nem um ano, o filhote de Cesar Maia não deverá durar nem metade disso. Assim sendo, não percamos tempo: #ForaMaia.