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Resultado do 1º turno revela efeitos danosos, minimizados em nome da manutenção da Democracia


Publicado: 04/10/2022

Por Roberto Souza*

São eleições desequilibradas sendo tocadas a fórceps para proteger nossa Democracia. Mas, ela sangra com a normalização ou naturalização de atos e ações ameaçadoras, o que deixa dúvidas se haverá êxito nessa estratégia do Judiciário. O atual presidente faz campanha desde o primeiro dia no Planalto, entre o cercadinho e a mídia abertinha. Sentiu-se à vontade, com o passar dos anos, para cogitar, com todas as letras, golpe de estado.

A motivação, o questionamento das urnas, seria patética, não contasse com desconfiança solidária dos chefes das forças armadas, que seguem como instrumento de pressão ao judiciário eleitoral, sem sequer domínio de causa. O presidente seguiu desequilibrando o ambiente político, desta vez com a caneta e a arrecadação. Entregou o cofre ao Centrão normalizando as famigeradas emendas do relator, estourou teto de gastos, sem esquecer de punir com cortes setores vitais, como Saúde e Educação, além da Cultura, que menospreza; interferiu de forma contumaz nas investigações da PF ou de órgãos de proteção ambiental; evitou CPI para apurar o escândalo dos pastores no MEC: barras de ouro, dinheiro em pneu, ministro preso( e protegido).

Avancemos para o período eleitoral, marcado por debates sem conteúdo, onde pandemia e escândalos passaram ao largo, diante de um presidente que bradava inexistência de corrupção em seu governo. Nos dias que antecederam ao dois de outubro, novos fatos estranhos normalizados, um padre fake servindo de jogador de peteca em debate televisivo; ataques pessoais virulentos ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes, chamado de patife e moleque pelo candidato situacionista; interesse em não disponibilizar infraestrutura de transporte no dia da eleição.

Com todos esses fatores, a maioria disse não ao governo Bolsonaro, que se apressou em dizer que foi a população carente comparando a própria vida antes e depois da pandemia, e que tentará convencer o eleitorado de que uma mudança pode ser para pior. Vem aí um novo festival de benesses e manipulação. 1,57% foi o percentual que faltou para sacramentar a saída desse governo, cuja ameaça parece ser mais visível lá fora do que no país. Se considerarmos a proporção dos votos para as candidaturas e o crescimento da abstenção na contramão da queda de nulos e brancos, pode estar alí entre os faltosos o tantinho de votos que serviriam à vitória já.

A consciência política de Ciro e Tebet lateja, porque faltou humildade diante dos holofotes. A diferença poderia ter subido de sete milhões para quinze milhões de votos, quem sabe mais,  com a frente formada. Entretanto, há outro fenômeno que está passando ao largo das análises e jogando pressão nos institutos de pesquisa: a migração de votos para a candidatura de situação em cima da votação. Só um fator poderia explicar essa tendência, a mesma de 2018: fake news com conteúdo de costumes destinado ao público evangélico, com participação direta de pastores, e falando de ligações do PT com uma facção criminosa para o público idoso, houve também sobre invasão de igrejas e fim do agronegócio. Esses disparos e sua influência na cabeça do eleitor não podem ser medidos pelos institutos, agora atacados até com ameaça de CPI.

O cenário exige muito de todos nós. Difícil até acompanhar o noticiário político. O bolsonarismo é uma anomalia, semente para o fascismo à brasileira. A carta pela Democracia nos deixou bem perto de resolver isso, pelo menos em termos de redução de poder. Os egos inflados põem o risco de volta ao nosso colo. Saúde e muita inspiração para Lula, o futuro do país(e por extensão da atacada América do Sul) está em suas mãos.

*Roberto Sousa, editor do programa independente Redator Comunitário



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