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O mordomo assassino e o Dia D (que ninguém sabe) do PMDB


Publicado: 30/03/2016

Da Carta Maior

Cada vez mais, como já se disse, o golpismo de 2016, frente à tragédia que durou 21 anos do golpe de 1964, se assemelha a uma farsa escrita por um autor de quinta categoria. Os dias 28 e 29 de março produziram cenas memoráveis desta farsa que os oligopólios da mídia tentam, sem sucesso, cobrir de moralidade e civismo. Haja verde-amarelismo!
 
Em Lisboa, os conspiradores  - Gilmar Mendes, José Serra e o presidente do TCU - , sob protestos democráticos e em um seminário esvaziado, foram protagonistas da ficção de uma encenação de uma vitória de um futuro governo,  que ainda não há (haverá?). 
 
No Brasil, o presidente da OAB, sob protestos e contestações de todos os lados, protocolou um pedido de impeachment “baseado no conjunto da obra” do governo Dilma, cuja “ciência” do Direito prova que já não se fazem juristas golpistas  como os de antigamente. Foi  até alvo da ironia de Eduardo Cunha, a face bandida do impeachment: “Chegou tarde!”
 
Sem deixar por menos, o cada vez mais procurador-geral de um partido da República (será o PSDB?), Janot, encaminhou ao STF a monstruosa peça que diz que Lula pode ser até nomeado ministro, mas sob a  jurisdição de... Moro!
 
Enquanto isso, o procurador e pregador  evangélico sectário  Delagnol, da mal chamada “República de Curitiba”, encaminhou  ao Congresso Nacional a proposta de dez medidas para combater a corrupção. Entre elas, a que visa considerar, dependendo das circunstâncias, provas obtidas ilicitamente. Como os grampos da presidenta Dilma que Janot deu autorização para divulgar, mas diz que não conhecia o conteúdo? Pergunta: vale torturar?!?
 
E, para culminar, o Dia D, esperado, anunciado, conclamado e exaltado, do desembarque oficial do PMDB do governo Dilma. O problema a superar era como dar uma imagem que o PMDB  está unido sob o comando do estadista Temer se uns querem ficar, outros querem sair já e outros querem esperar mais para saber se ficam ou saem.
 
A cena composta para a mídia golpista foi, então: “decisão por aclamação”, sem marcar um dia de saída! Um resolveu sair (o do Turismo), dois falaram que vão ficar ( o da Ciência e Tecnologia, o da Saúde) e outros ainda não se pronunciaram. Decisão sobre o apoio ou não ao impeachment: ainda não! De toda forma, “Temer presidente!”, gritaram em regime de urgência.  Mas no mesmo dia, Renan diz que a decisão do Senado sobre o impeachment – se a Câmara Federal decidir a sua aprovação –pode durar até seis meses! O pai Picciani apóia a saída do governo Dilma  mas e o filho, líder do PMDB na Câmara?
 
A certeza incerta
 
Por isso, parece tomar a aparência pelo fato e desconhecer a história recente do PMDB em seus últimos vinte anos, o artigo de Kennedy Alencar, no site Brasil 247, afirmando categoricamente que a decisão de saída do governo  tomada no dia 29 de março define o processo de impeachment da presidente. O PMDB está longe de ser um partido unificado, o aparelho partidário é uma coisa, a bancada federal é outra coisa, a bancada no Senado é outra coisa outra, os governadores são ainda mais outra coisa mais outra ainda.
 
Mais certo está o deputado Pimenta do PT ao assinalar as atas do acordo Temer –Cunha em uma proposta de mudar a composição da Comissão de Ética da Câmara Federal que julga o bandido coordenador do impeachment, a passos de tartaruga, enquanto o implacável Janot  lhe dá o tempo necessário para operar o impeachment.
 
Temer Cunha: a síntese do PMDB golpista. Na convenção nacional do PMDB  em 2014 que decidiu  apoiar Dilma nas eleições presidenciais, compondo a chapa como vice, a votação ficou 52% versus 48 %. Temer, o chefe de um partido que decidiu desembarcar do governo mas que decidiu não renunciar à sua condição de vice-presidente, agora está com Cunha. E, agora, Cunha está com Temer. Mas nada é de graça: negocia-se o salvo-conduto.
 
Temer, o que tem a preferência de 1 % do eleitorado,  segundo a pesquisa de um instituto de um jornal que apóia o golpe, é o nome que o grande empresariado da Fiesp  e os financistas de Wall Street unirá o Brasil... do 1%! A The Economist , que fez a sua capa decretando que é chegada a hora de Dilma sair, está certo: há uma certa lógica nisso. 
 
ACM, que era um crápula inteligente, disse uma vez de Temer que ele tinha a cara de mordomo assassino de filme de terror e mistério de segunda classe. Pois bem: o filme está chegando ao final, o mordomo assassino já foi revelado. Mas será que platéia vai deixar o mordomo assassino – ele fica bem ao lado da figura  de olheiras profundas do conspirador público  Serra – ainda servir a ceia?



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