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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
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Publicado: 25/02/2016
Somente agora, com a Operação Acarajé, o governo passa a identificar a Lava Jato como tropa de elite da ofensiva político-jurídico-midiática para destituir a presidente Dilma e banir o ex-presidente Lula da vida eleitoral. Não foi a ficha que demorou para cair. O que está claro para o governo e todo mundo é que pode estar se aproximando o golpe final. Da prisão de João Santana pode vir o combustível que faltava tanto para o impeachment como para a cassação de Dilma-Temer via TSE. E na esteira, virão graves consequências para uma economia refém da crise política.
Se o Juiz Sergio Moro e seus parceiros preocupam-se com os destinos nacionais, e não apenas em prender empresários e agentes políticos, é chegada a hora da responsabilidade. Não podem manter indefinidamente o Brasil no pelourinho. Para evitar o desmanche econômico, o caso de João Santana teria que ser resolvido com maior rapidez, produzindo respostas, sejam quais forem, que reduzam a incerteza. Enquanto ela persistir, o ambiente econômico não vai melhorar. Não por acaso a última agência de risco que ainda dava ao Brasil o grau de investimento, a Moody's, retirou-o na esteira da prisão do publicitário e da piora das expectativas políticas. A Lava Jato, que tudo pode e tudo descobre, não precisa deixar Santana mofando na cadeia um ano para esclarecer o enigma dos recursos que ele recebeu no exterior. Se eles dizem respeito apenas a trabalhos feito no exterior, como assegurou seu advogado (e teriam sido pagos de forma irregular) ou se estão relacionados a campanhas do PT, dentro do Brasil (Lula, Dilma e Haddad). Se não estão, isso precisa ser dito em alto e bom som, para os paneleiros ouvirem. Se a campanha de Dilma tiver cometido crime eleitoral, o TSE dará o golpe final.
O que não é justo para com o Brasil e sua combalida situação econômica é a produção diária de manchetes sobre o “marqueteiro do PT”, sugerindo que as campanhas petistas o pagaram com dinheiro de corrupção, sem apresentar prova disso. O que o caudaloso noticiário despertou nos agentes econômicos foi mais interrogações sobre o rumo do país. Haverá governo até quando? E o que poderá nestas condições fazer o governo? E depois, o que virá? O repique da insegurança trouxe o rebaixamento pela Moody's, a nova subida do dólar, depois de uma inflexão, novas quedas na bolsa, depois de um ensaio de recuperação, entre outros sinais do efeito Acarajé.
O desmanche econômico não é obra exclusiva da Lava Jato. O governo cometeu erros gerenciais, já reconheceu isso, excedendo-se nas políticas anti-cíclicas. Mas poderia tê-los corrigido em tempo se não tivesse sido sitiado. Há mais de dois anos a Lava Jato alimenta simultaneamente a crise política e o esfarelamento da economia. Há mais de dois anos assistimos à erosão do Estado Democrático de Direito. Prisões preventivas são prolongadas num jogo de tortura moral para a obtenção de delações, sob o argumento de que o empresário preso pode fugir, destruir provas, impedir investigações. E assim foram desestruturadas a Petrobrás, as grandes empreiteiras e um banco forte como o Pactual. Mas quem, neste país, tem poder para impedir as investigações da Lava Jato? Quem ousaria? Nem governo, nem Supremo, nem CNJ, nem OAB, ninguém se levantou contra a santa comunidade de Curitiba, temendo ser acusado de heresia pró-corrupção.
Neste tempo todo o governo sangrou, perdeu a iniciativa e o Congresso surtou, enquanto a economia ia se desmilinguindo. Uma coisa puxando a outra. Agora a Lava Jato pôs a mão num troféu e o está exibindo com euforia. Mas o Brasil não aguenta mais esta novela sem epílogo certo e sem data para terminar.