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Farsantes na Fiesp e Firjan mantidos por voto de gaveta


Publicado: 04/04/2016

Por J. Carlos de Assis

Do GGN

Paulo Skaf é um farsante. Não preside uma verdadeira instituição de empresários, a Fiesp, mas um conjunto de prateleiras onde guarda os nomes e as credenciais formais de sindicatos de gaveta que lhe garantem os números de eleitores fictícios para se eleger presidente. A verdadeira indústria paulista, da Anfavea, automobilística, à Abimaq, de máquinas e equipamentos, não se sente representada na Fiesp, mesmo porque cada uma delas teria, nas decisões, o mesmo peso de uma indústria de cabo de guarda-chuva.

A Fiesp é uma instituição anacrônica, que viabiliza dirigentes anacrônicos. A chave para ter o comando dela, assim como de outras federações patronais, é controlar sindicatos fictícios facilmente compráveis nas eleições. Há coisas tão extravagantes como Sindicato de indústria de estopa. Só de padarias há cinco sindicatos em São Paulo, cada um com seu voto. A lista completa é um acinte. É com essa representação de circo que Paulo Skaf se apresenta ao Estado e ao país como grande paladino na luta pelo impeachment de Dilma. Não obstante, comanda recursos públicos da ordem de R$ 3 bilhões anuais.

Nem industrial esse arremedo de empresário é. Vendeu a indústria da família e tornou-se exclusivamente um rentista. Como pode ser contra a alta taxa de juros, que tanto incomoda os produtores industriais, se isso contraria seus interesses próprios? Seus negócios pessoais não rendem um único emprego. E como um empresário que não gera empregos pode tornar-se um sócio ideológico de um dirigente trabalhista, a não ser pelo fato de que Paulinho da Força foi persuadido, por algum caminho suspeito, a aliar-se a ele pelo impeachment?

Entretanto, Paulo Skaf é um sujeito de sorte. Encontrou no Rio de Janeiro um parceiro à altura, Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, outro industrial sem indústria, com quem estabeleceu parceira bilionária para saquear o Sesi e o Senai em favor de interesses próprios. No caso de Skaf, sua obsessão é tornar-se governador de São Paulo a qualquer custo, mesmo que isso custe o último centavo da caixa do Sesi e do Senai, cujos recursos públicos estão sendo investidos em campanhas eleitorais permanentes nas barbas do governo e do TCU.

Os prédios do Sesi e do Senai, principalmente as escolas de aprendizagem industrial e as escolas comuns, estão sendo cobertos em São Paulo e no Rio com as cores da bandeira nacional que eles apropriaram como um convite ao impeachment. Os professores estão intimidados. Os que se alinham às chefias, contudo, por algum interesse, passaram a ensinar aos alunos palavras de ordem como “Lula é ladrão”, num violento ataque à liberdade de opinião e à imparcialidade de cátedra, mediante a manipulação de mentes jovens.

No Rio, a Firjan está nas mãos de Geraldo Coutinho, seu vice presidente executivo, que é quem efetivamente manda na instituição, enquanto Eduardo Eugênio faz péssima política. Coutinho pertence ao Sindicato de Açúcar e Álcool de Campos, em cuja biografia denunciada por testemunhas encontra-se a acusação de ter usado seus fornos para cremar no mínimo dez opositores na ditadura. É esse tipo de gente que representa a indústria paulista e fluminense. Já é hora de acabar com essa farra corporativa que, por circunstâncias variadas e exclusivo interesse pessoal, tornou-se golpista com dinheiro do contribuinte.

J. Carlos de Assis é economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ



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