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Delegado da PF diz que só é verdadeira notícia que sai no jornal


Publicado: 15/01/2018

Por Luis Nassif

A Folha foi buscar em Curitiba, um delegado especializado em crimes cibernéticos, que dá a receita para averiguar a veracidade da notícia: conferir se ela saiu em grandes jornais. As notícias falsas de maior impacto da última década surgiram nos jornais.

Exemplo:

* o grampo sem áudio, da conversa entre Gilmar Mendes e o ex-senador Demóstenes Torres, capa da Veja, e que custou a cabeça do delegado Paulo Lacerda;

* o suposto grampo em uma sala do Supremo;

* os dólares de Cuba, que teriam sido transportados em garrafas de rum para a sede do PT em São Paulo;

* o financiamento das FARCs para candidatos a prefeito, capa de Veja;

* a ficha falsa de Dilma, furo da Folha.

* o lobista que não conseguiu um financiamento de R$ 7 bilhões do BNDES para uma empresa de fundo de quintal, alegando que teria se recusado a pagar R$ 5 milhões em propinas.

Por outro lado, as seguintes notícias verdadeiras só saíram em veículos alternativas, blogs e portais.

* a comprovação da falsificação do grampo no Supremo;

* o questionamento da veracidade do grampo sem áudio;

* o desmentido dos tais dólares de Cuba;

* o desmascaramento dos tais dólares das FARCs;

* o desmascaramento da ficha falsa de Dilma;

* o furo de que o tal lobista dos R$ 5 milhões havia saído há um mês da cadeia;

* a denúncia dos parentes de procuradores que atuam como advogados nas delações da Lava Jato;

* os inquéritos contra a Globo no caso FIFA;

* as denúncias de corruptos que foram liberados sem explicação pela força tarefa da Lava Jato.

Se houvesse essa tal Lei do Fakenews, a opinião pública não teria sido informada desses episódios, a imprensa que atua na contra-corrente não teria esclarecido temas relevantes. À esta altura, estaria ocorrendo com cada blogueiro independente o mesmo que aconteceu com o blogueiro que teve a casa invadida por ordem de Sérgio Moro, e foi conduzido coercitivamente até a Polícia Federal.

Pergunto: é sério o que propõe o delegado?

Luis Nassif é jornalista e editor do GGN



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